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terça-feira, fevereiro 14, 2006

Barcelona 

Barcelona é uma cidade muito fixe. Tem muitos edifícios bonitos com centenas de anos de história, devidos ao ouro todo que trouxeram da América, tudo por causa de um Português chamado Colombo com dificuldades de orientação.

Barcelona pertence a um país chamado Espanha, sensivelmente do mesmo tamanho que a França mas com menos pessoas e 5 línguas. Os espanhóis tem umas características muito engraçadas, como por exemplo acharem que a província deles é a melhor do mundo, que o vinho da terra deles é o melhor do universo e por aí adiante.

Tem também uma mania pouco interessante de traduzir tudo o que lhes aparece à frente que às vezes origina algumas confusões.

O passado fim-de-semana resolvi ficar em Barcelona. Isso implicou uma coisa muito agradável que foi sair do hotel de 4 estrelas onde a minha empresa me instalou por estar lá a trabalhar e mudar para uma pousada de 12 euros a noite, que essa sou eu que pago e sou forreta.

Como tinha medo de ser assaltado na referida pousada aluguei também um carro para guardar a mala e para passear por essa terra que é um bocado grande. O carro, fui buscá-lo a uma empresa chamada AutoEuropa, que descobri através de uma pesquisa na Internet por “aluguer carros baratos Barcelona”.

Ou melhor, tentei ir buscá-lo porque quando cheguei ao aeroporto, perfilavam-se uma meia dúzia de empresas alugadoras de carros, mas de AutoEuropa nada. Fiquei praticamente convencido de que tinha sido vítima de uma fraude via Internet.

Uma dúzia de perguntas depois, descobri que AutoEuropa era uma tradução espanhola muito criativa e peculiar para EuropCar. Suponho que precisava de duplicar o QI para descobrir isso sozinho.

Peguei no carro e fui directo à pousada. Esta, era mais ou menos do tamanho do meu anterior quarto de hotel só que dormiam lá 12 pessoas em beliches, todas no mesmo quarto e estava cheia.

Assim que descobri onde a pousada era fui visitar o Bairro Gótico, lá perto, que é muito característico. Ao voltar para a pousada lembrei-me que me tinha esquecido de anotar a rua onde tinha estacionado o carro pelo que andei uma boa meia hora atrás dele.

Cansado de uma semana de trabalho e de tanto andar fui dormir. Estava sozinho e adormeci depressa. Pelas 6 da manhã foram chegando as pessoas, a saber 7 alemãs, 2 inglesas, uma finlandesa que era tal e qual a Júlia Roberts mas mais pálida e com óculos e um polaco. As minhas perspectivas iniciais de dormir naquele sítio com gaijos tipo tropa a cheirar mal, mudaram logo para um extremo oposto muito, mas muito mais agradável.

Uma das Alemãs, que dormia no beliche por baixo do meu e com evidentes dificuldades de equilíbrio, não teve qualquer pudor em despir-se à minha frente antes de se deitar. De alguma forma deve ter gostado do declive da tenda que de imediato se montou no meu lençol, porque me perguntou baixinho se lhe queria fazer companhia no beliche de baixo… Acedi prontamente, claro.

No dia seguinte ao contrário de todos, levantei-me cedo porque há quatro coisas que não gosto de fazer no mundo, uma é matar, outra é roubar, outra é acordar ao lado de uma gaija com mau hálito com cabelo que cheira a cigarros com ar desidratado e a cara toda borrada de base, e a outra é ver o meu carro rebocado por não estar a pagar a mais fantástica tarifa de estacionamento na rua que eu já vi, de 3 euros à hora todos os dias excepto domingos.

Fui ver a Sagrada Família. Quando entrei apeteceu-me gritar. Paguei nove euros por estar no meio de uma multidão a ver andaimes iguais ao da minha casa aqui há uns anos atrás só que mais altos. Para me castigar e para evitar a fila para o elevador, subi umas estreitas escadas até ao topo, no meio de um grupo de japoneses que deviam ter um prazer mais que sexual em tirar fotografias. Com sorte, volto lá em 2040 quando estiver pronto.

Depois disso visitei um parque muito bonito chamado Guell, onde Gaudi morou, o que me faz pensar que essa cidade deve as suas infra-estruturas turísticas ao Colombo e ao Gaudi – cidade com sorte em ter duas personagens dessas. O parque é assim como uma quinta com algumas casinhas que parecem de bonecas só que grandes. Gostei muito.

Resolvi voltar à pousada. Estava a preparar um lanche na cozinha e entrou a minha Finlandesa linda. Conversei com ela e revelou-se uma das pessoas mais interessantes que já tive o prazer de conhecer. Gostei muito de uma parte em que eu me estava a gabar de já ter visitado oito países em dois continentes ao que ela retorquiu amavelmente que já tinha visitado vinte e dois em quatro continentes.

Aquela rapariga deu-me vontade de pedir transferência para os escritórios de Helsínquia e comprar uma casinha com um lago por lá. Obviamente passamos o resto do fim-de-semana juntos e a conversar. Também passeamos um bocado pela cidade, pelo menos nos breves momentos em que conseguíamos tirar as mãos um do outro.
Com isto tudo acredito que tanto eu como o Polaco tivemos um dos melhores fins-de-semana das nossas vidas. Espero que se repitam muitas vezes.

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