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domingo, outubro 15, 2006

Acabar 

O conceito de acabar é uma questão fascinante pela qual todos passamos, como sujeitos activos ou passivos ao longo das nossas vidas, e que me parece muito pouco explorado pelos dezassete triliões de livros que hoje pululam as estantes, e nos ensinam desde como fazer o sexo, a descrever o que sentes se fores uma senhora que foge do altar, que deixa o teu quase-marido pendurado e põe meia polícia de um estado qualquer americano atrás de ti.

Pois quando digo acabar refiro-me não só a acabar com uma relação, mas com muitas outras coisas.

E explico porque digo isto.

Hoje, após o meu terceiro dia de trabalho, demiti-me. Nada de assim tão invulgar, não fosse o facto de o ter feito por telefone.

Uma pessoa que se demita por telefone é quase como acabar uma relação por SMS: “Olha, é só para te dizer que acabamos. Tem um bom dia.”

Ou em versão “mais diplomata”: “Desculpa lá os 9 anos que passamos juntos e os jantares, flores e anéis que me ofereceste... desculpa as falsas promessas de amor eterno, os orgasmos fingidos, as expectativas de um relacionamento estável, os sonhos construídos em conjunto e os planos estabelecidos para os filhos, olha, é só para te dizer que, a partir deste momento, acabamos. Tem um bom dia.”

Eu explico porque estou a falar disto. É que eu acho o processo de “viver”, para uma pessoa que procure ser relativamente bem-sucedida, uma coisa assim para o complicado, um problema muito mal-definido e de difícil solução. São necessários muitos pressupostos e estabelecer diversos cenários para as decisões diárias. Acho que devia haver livros, muitos livros sobre o assunto. É que mesmo para uma pessoa apresentável e bem-falante há milhentas coisas no dia-a-dia sem resposta fácil.

Assim sendo, gostaria que alguém criasse um manual de sobrevivência neste planeta e para estes dias, que ensinasse exactamente as melhores formas de passar por todos esses processos habituais sem que sucessivas gerações, tenham de aprender da forma mais difícil, a bater com a cabeça.

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