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domingo, fevereiro 11, 2007

Considerações sobre casar 

Neste mundo em que vivemos, ou pelo menos em grande parte dele, existe um ritual medievo, habitualmente apelidado de casamento.

É assim uma espécie de contrato de escravatura ou pelo menos de séria limitação de liberdades individuais, assinada por duas pessoas, e que obriga a que cada uma das partes, para efectuar determinadas actividades perfeitamente livres antes dessa assinatura, passem a ser passíveis de eventual autorização prévia, após.

Por exemplo eu se casasse e um belo dia me apetecesse ir morar para a China, tal facto iria carecer de consulta e mais que provável veto, por parte da minha querida cara-metade.

Ora obviamente, nada obriga um ser humano a casar. Pode ficar feliz e livre por toda a vida, tendo como consequências principais o facto de não ter sexo de uma forma regular, não perpetuar a sua linhagem e ter de estar sempre a mudar de amigos porque esta pandemia leva a que deixem de sair pela supracitada carência de permissão. Tem, é claro, como vantagens o facto de poder fazer o que bem lhe apetece, tendo por restrições apenas o seu grau de avareza.

Claro que uma vez que não é imposto, poderá o meu leitor indagar-se porque me incomodo eu com isso. Pois eu explico:

Porque de repente se formou uma pressão social, claramente incómoda, para que um homem de 33 anos tenha uma relação estável. Como se existissem quatro mandamentos para o ser humano de sucesso: casa, carro, carreira e namorada.

Ainda por cima, tenho uma bem intencionada amiga que emite opiniões do género: “Se não arranjais gaija aqui hoje não arranjais nunca” a um grupo de pessoas, meus amigos, vulgo “encalhados”. Como se o objectivo primordial de qualquer vivência fosse encontrar outra do sexo oposto e pronto, tal como arranjar trabalho ou comprar um carro. E eu que vivi enganado estes anos todos ao pensar que o objectivo primordial da vida era vivê-la.

Isto porque este processo de selecção, a mim não me parece nada claro. Tenho um colega de trabalho, que conheceu a actual esposa num supermercado do outro lado da cidade, onde nunca tinha ido. Ora um semelhante acaso na escolha daquela que irá passar o resto dos dias comigo e será a mãe dos meus filhos deixa-me perplexo.

Resta-me explicar com três teorias alternativas: ou servia uma qualquer (desde que reunisse um conjunto mínimo de qualidades, suponho), ou o homem é mais afortunado que o tipo que ganhou a lotaria duas vezes seguidas, ou afinal existe o destino.

Pois a mim parece-me que as pessoas procuram um relacionamento e pronto. E desde que a pessoa em causa tenha características aceitáveis já serve para se passar o resto da vida. Só assim explico que o senhor Rui que trabalha no Banco A e tenha conhecido lá a Senhora Ana sua actual esposa. Como andou semanas indeciso sobre se devia ou não aceitar antes a proposta de trabalho do Banco B ou da Consultora C, estaria hoje muito provavelmente casado com colaboradoras de cada uma dessas instituições caso o tivesse tomado outra opção laboral.

Pois para mim não serve uma qualquer.

Comments:
É pá, se não se quer casar, tudo bem, mas os outros podem continuar a ser livres de o fazer. Ou não?
 
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