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sábado, junho 05, 2010

Despeitado 

Toda a minha vida sempre fui um gaijo com a mania que é hiper-liberal, em que tudo deve ser aceite. Assim sendo, defendi em acérrimas discussões de bar, o direito ao nudismo, homossexualidade, sexo em grupo, velhas, incesto ou animais. Obviamente, tendo como única restrição, serem comportamentos saudáveis e de modo obviamente consentido entre os vários intervenientes, principalmente no que toca aos animais, coitadinhos.


Isto, até ontem.

Ontem, conheci uma mocinha num bar, que me quis mostrar a encantadora casa dela e a ela, por dentro.

Para o efeito, deitou-se na cama, abriu uma gaveta da mesinha de cabeceira, donde retirou, num gesto claramente habitual, um cestinho de pot-pourri. Era um cestinho igualzinho, mas igualzinho, ao da minha avó, apenas em vez das folhinhas e pétalas aromatizadas a exalar uma sedutora fragrância de campo, um leve perfume rural a evocar a minha infância, tinha…

Preservativos verdes, escuros, muitos, bonitos, dezenas deles.

Ora toda a minha vida me habituei a fazer das moçoilas mais um elo de uma cadeia, uma longa cadeia, mas a minha. Ora aquele cestinho displicente, ali guardado, pousado, para passados e futuros dezenas de elos incomodou-me.

E assim foi, que num instante, tive uma visão transcendente em que me revi, não rebelde irreverente absolutamente liberal como tão carinhosa e orgulhosamente me imaginava, mas ultra conservador ciumento despeitado.

Comments:
Eu logo vi que um gajo de direita nao podia ser tão liberal, nem tão rebelde!
 
Acho que há momentos na nossa vida assim... nos quais nos apercebemos que, afinal, somos bem mais ou bem menos do que julgamos ser... Por vezes, bem menos livres do que pensamos ser, bem menos sinceros do que julgamos ser para com os outros ou até, bem "mais julgados" do que deveríamo ser pelos outros. Não sei!
 
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