segunda-feira, julho 05, 2010
Pedante
Caminhava eu, tranquilo e sossegado, pela minha rotinada, pedante e hedonista vida, cultivando a minha razoável carteira de quatro amantes, sereno e ansiando pelo dia em que iria colocar a frase "life's good" no messenger, a sustentar que a minha vida era desprovida de surpresas...
…e eis senão quando, numa bela manhã de nevoeiro, uma dessas supra referidas meninas, me desperta com a tão temida pergunta: "não queres ficar com uma chave cá de casa?"
A questão, colocada ao acordar, hora fértil de sonhos e metáforas, fez-me imaginar-me carcereiro, vergado ante o peso das chaves dessa carteira.
Retorqui-lhe, é claro, que ficar com uma chave é um passo sério de uma relação, que iria dificultar muito as coisas.
A resposta, dessas respostas que atemorizam os gaijos, que como eu, tem a mania que sabem tudo, deixou-me sem palavras. Aquele feminino estilo manipulador, a puxar para o sentimento, a chantagem emocional que desfaz qualquer gaijo que não tenha por hábito decepar bebés:
"Ora portanto: jantas cá em casa, vês televisão, tomas banho, dormes, pinas comigo, até uma toalha tens na minha banheira, e dizes-me que num queres uma chave porque é um passo sério?"
Depois disto, agora, caminho, tranquilo e sossegado, pela minha rotinada, pedante e hedonista vida, cultivando a minha razoável carteira de três amantes.
…e eis senão quando, numa bela manhã de nevoeiro, uma dessas supra referidas meninas, me desperta com a tão temida pergunta: "não queres ficar com uma chave cá de casa?"
A questão, colocada ao acordar, hora fértil de sonhos e metáforas, fez-me imaginar-me carcereiro, vergado ante o peso das chaves dessa carteira.
Retorqui-lhe, é claro, que ficar com uma chave é um passo sério de uma relação, que iria dificultar muito as coisas.
A resposta, dessas respostas que atemorizam os gaijos, que como eu, tem a mania que sabem tudo, deixou-me sem palavras. Aquele feminino estilo manipulador, a puxar para o sentimento, a chantagem emocional que desfaz qualquer gaijo que não tenha por hábito decepar bebés:
"Ora portanto: jantas cá em casa, vês televisão, tomas banho, dormes, pinas comigo, até uma toalha tens na minha banheira, e dizes-me que num queres uma chave porque é um passo sério?"
Depois disto, agora, caminho, tranquilo e sossegado, pela minha rotinada, pedante e hedonista vida, cultivando a minha razoável carteira de três amantes.
sábado, junho 05, 2010
Despeitado
Toda a minha vida sempre fui um gaijo com a mania que é hiper-liberal, em que tudo deve ser aceite. Assim sendo, defendi em acérrimas discussões de bar, o direito ao nudismo, homossexualidade, sexo em grupo, velhas, incesto ou animais. Obviamente, tendo como única restrição, serem comportamentos saudáveis e de modo obviamente consentido entre os vários intervenientes, principalmente no que toca aos animais, coitadinhos.
Isto, até ontem.
Ontem, conheci uma mocinha num bar, que me quis mostrar a encantadora casa dela e a ela, por dentro.
Para o efeito, deitou-se na cama, abriu uma gaveta da mesinha de cabeceira, donde retirou, num gesto claramente habitual, um cestinho de pot-pourri. Era um cestinho igualzinho, mas igualzinho, ao da minha avó, apenas em vez das folhinhas e pétalas aromatizadas a exalar uma sedutora fragrância de campo, um leve perfume rural a evocar a minha infância, tinha…
Preservativos verdes, escuros, muitos, bonitos, dezenas deles.
Ora toda a minha vida me habituei a fazer das moçoilas mais um elo de uma cadeia, uma longa cadeia, mas a minha. Ora aquele cestinho displicente, ali guardado, pousado, para passados e futuros dezenas de elos incomodou-me.
E assim foi, que num instante, tive uma visão transcendente em que me revi, não rebelde irreverente absolutamente liberal como tão carinhosa e orgulhosamente me imaginava, mas ultra conservador ciumento despeitado.
Isto, até ontem.
Ontem, conheci uma mocinha num bar, que me quis mostrar a encantadora casa dela e a ela, por dentro.
Para o efeito, deitou-se na cama, abriu uma gaveta da mesinha de cabeceira, donde retirou, num gesto claramente habitual, um cestinho de pot-pourri. Era um cestinho igualzinho, mas igualzinho, ao da minha avó, apenas em vez das folhinhas e pétalas aromatizadas a exalar uma sedutora fragrância de campo, um leve perfume rural a evocar a minha infância, tinha…
Preservativos verdes, escuros, muitos, bonitos, dezenas deles.
Ora toda a minha vida me habituei a fazer das moçoilas mais um elo de uma cadeia, uma longa cadeia, mas a minha. Ora aquele cestinho displicente, ali guardado, pousado, para passados e futuros dezenas de elos incomodou-me.
E assim foi, que num instante, tive uma visão transcendente em que me revi, não rebelde irreverente absolutamente liberal como tão carinhosa e orgulhosamente me imaginava, mas ultra conservador ciumento despeitado.
segunda-feira, maio 10, 2010
Petulante
Gosto, sim, gosto, de palavras meigas, fugidias por entre promessas vãs, fúteis, que não valem nada.
Gosto de me sentir bem, e não pensar no futuro, gosto de me sentir superficial e desejado, ainda que pelas pessoas erradas, e de viver sem pensar muito, como se o amanhã não interessasse nada.
Gosto de viver depressa, de acordar ao lado de pessoas que mal me lembro do nome a olharem-me com veneração, mas também gosto da situação oposta.
Gosto de vestir caro enquanto sou trolha, gosto de guiar tractores de 200 cavalos sentado em boxers mais caros do que eles.
Gosto de apanhar chuva e de me rir dela, de ser director mas preferir carregar estrume, gosto de andar com a barba de um mês como se fosse pedinte, mas guiar um BM que veria a arder com um sorriso, gosto de não querer saber de nada.
Gosto de contrastes e conhecer pessoas, gosto de línguas diferentes, gosto de anarcas e de excentricamente ricos, gosto de pessoas que não se preocupam com nada, mas que vivem intensamente e davam a vida por sentir mais.
Gosto de dar 100 EUR a um pobre enquanto lhe sorrio, ou de gastar 1000 num fim-de-semana paradisíaco e não tirar fotos, gosto, sim, gosto, de me sentir bem, de surpresas e de surpreender.
Gosto de computadores topo de gama e telemóveis de última geração, BMs e cartões de crédito sem plafond, mas gosto muito mais de podar laranjeiras, de cortar relva, de forquilhas e ancinhos e gosto de gostar mais destes últimos do que dos primeiros.
Gosto de almoçar em restaurantes absurdamente caros, jantar em tascos por entre amigos, e divertir-me mais nestes segundos, mas pensar sempre, sempre, que em qualquer dos casos, que comeria melhor em casa da minha mãe.
Gosto de brincar com a espuma, com a do mar e com a da sociedade, e pior, de a criticar e enxovalhar, mas estar absolutamente consciente que faço estrondosamente parte dela e do rebanho.
Gosto de trabalhar até de manhã e ir para casa bem-disposto, como se não fosse nada, e gosto de chegar tarde ao trabalho e tratar mal o meu chefe, apenas porque me apetece.
Gosto de falar com directores por entre whiskies quase da minha idade, e de seguida argumentar com trolhas por entre minis em cafés enegrecidos, e tratá-los a todos por igual.
Gosto de arriscar e de jogar, de ganhar, de descobrir o que fiz mal quando perco, de lidar com o triunfo e a derrota e ignorá-los aos dois, de sonhar sem viver obcecado, de esperar sem me cansar, de lutar por aquilo que gosto, de ter sorte, de ignorar o azar, mas acima de tudo, gosto de acreditar, de viver, e de amar.
Gosto de me sentir bem, e não pensar no futuro, gosto de me sentir superficial e desejado, ainda que pelas pessoas erradas, e de viver sem pensar muito, como se o amanhã não interessasse nada.
Gosto de viver depressa, de acordar ao lado de pessoas que mal me lembro do nome a olharem-me com veneração, mas também gosto da situação oposta.
Gosto de vestir caro enquanto sou trolha, gosto de guiar tractores de 200 cavalos sentado em boxers mais caros do que eles.
Gosto de apanhar chuva e de me rir dela, de ser director mas preferir carregar estrume, gosto de andar com a barba de um mês como se fosse pedinte, mas guiar um BM que veria a arder com um sorriso, gosto de não querer saber de nada.
Gosto de contrastes e conhecer pessoas, gosto de línguas diferentes, gosto de anarcas e de excentricamente ricos, gosto de pessoas que não se preocupam com nada, mas que vivem intensamente e davam a vida por sentir mais.
Gosto de dar 100 EUR a um pobre enquanto lhe sorrio, ou de gastar 1000 num fim-de-semana paradisíaco e não tirar fotos, gosto, sim, gosto, de me sentir bem, de surpresas e de surpreender.
Gosto de computadores topo de gama e telemóveis de última geração, BMs e cartões de crédito sem plafond, mas gosto muito mais de podar laranjeiras, de cortar relva, de forquilhas e ancinhos e gosto de gostar mais destes últimos do que dos primeiros.
Gosto de almoçar em restaurantes absurdamente caros, jantar em tascos por entre amigos, e divertir-me mais nestes segundos, mas pensar sempre, sempre, que em qualquer dos casos, que comeria melhor em casa da minha mãe.
Gosto de brincar com a espuma, com a do mar e com a da sociedade, e pior, de a criticar e enxovalhar, mas estar absolutamente consciente que faço estrondosamente parte dela e do rebanho.
Gosto de trabalhar até de manhã e ir para casa bem-disposto, como se não fosse nada, e gosto de chegar tarde ao trabalho e tratar mal o meu chefe, apenas porque me apetece.
Gosto de falar com directores por entre whiskies quase da minha idade, e de seguida argumentar com trolhas por entre minis em cafés enegrecidos, e tratá-los a todos por igual.
Gosto de arriscar e de jogar, de ganhar, de descobrir o que fiz mal quando perco, de lidar com o triunfo e a derrota e ignorá-los aos dois, de sonhar sem viver obcecado, de esperar sem me cansar, de lutar por aquilo que gosto, de ter sorte, de ignorar o azar, mas acima de tudo, gosto de acreditar, de viver, e de amar.
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
Grrrrrr
Um gaijo sabe que vive numa merda de mundo estranho depois de um dia de trabalho em que se tomam decisões milionárias sobre a compra de um software, se despede um gaijo, informa os sobreviventes da necessidade de irem trabalhar no fim-de-semana seguinte, e ao ir embora, a namorada lhe diz "amorzinho lindo, importas-te, quando saíres do trabalho, de passares no Continente e trazer alface?"
Depois disto, demito-me de ser rebelde bem sucedido.
Passei a mongolóide frustrado.
Depois disto, demito-me de ser rebelde bem sucedido.
Passei a mongolóide frustrado.
segunda-feira, novembro 16, 2009
Seca
O coelho é um raio de um bicho estranho, com uma componente sexual muito forte.
Uma gaija absolutamente sexy pode ser uma Coelhinha.
Um gaijo pode pinar à coelho.
A criação de coelhos é a cunicultura.
E um coelho grande como se diz?
Uma gaija absolutamente sexy pode ser uma Coelhinha.
Um gaijo pode pinar à coelho.
A criação de coelhos é a cunicultura.
E um coelho grande como se diz?
sexta-feira, outubro 16, 2009
Maseratis
Eu: Com aquele Maserati, até para ti as gaijas olhavam.
Colega de trabalho: Mas as gaijas olham para mim.
Eu: Digo com desejo, não com pena.
Colega de trabalho: Mas as gaijas olham para mim.
Eu: Digo com desejo, não com pena.
quarta-feira, outubro 07, 2009
Modernices!
Alguns dizem que terminar uma relação dói, causa sofrimento, choro e depressões.
Já eu, acho que se há coisa realmente chata em acabar, é apagar a merda das fotografias todas dela, do facebook e Hi5.
Já eu, acho que se há coisa realmente chata em acabar, é apagar a merda das fotografias todas dela, do facebook e Hi5.
Verdade, verdadinha, sua vaca
Há dias estava eu com uma amiga minha que namora.
Liga-lhe o namorado a perguntar onde está, ao que ela retorna: "estou em casa, amor".
Efectivamente estava. Na minha. Nua.
Liga-lhe o namorado a perguntar onde está, ao que ela retorna: "estou em casa, amor".
Efectivamente estava. Na minha. Nua.
quarta-feira, junho 03, 2009
Medo e Ódio
Excerto do blog de um grande, grande amigo, que me parece bem publicar:
http://xslave.blogspot.com/
Não gosto de espelhos: "Se me visse bonito ficaria com medo de perder a beleza; e se me visse feio ficaria com ódio às coisas belas. Assim, nao tenho medo nem ódio."
http://xslave.blogspot.com/
Não gosto de espelhos: "Se me visse bonito ficaria com medo de perder a beleza; e se me visse feio ficaria com ódio às coisas belas. Assim, nao tenho medo nem ódio."
Saia Curta
Ontem vi uma gaija com uma saia tão curta, tão curta, tão curta... que provavelmente chegou a casa e guardou-a no carrinho de linhas.
quarta-feira, maio 27, 2009
Ou é da Primavera...
Ou é da Primavera, ou este blog ultimamente aproxima-se bastante de um Livro de Visitas de um bordel.
Secção Ontem Dormi II
Ontem dormi com uma gaija que me perguntou: "com quantas mulheres já dormiste?". Respondi: "Só contigo, querida, com as outras estive sempre acordado."
Secção Ontem Dormi I
Ontem dormi com uma gaija tão vaca, tão vaca, tão vaca, que em determinado momento em que estava quase a dormir e para me manter acordado porque estava a ver a bola, lhe disse "bate-me", ela perguntou: "onde, o quê, uma punheta?".
quarta-feira, maio 20, 2009
Trabalho
Tenho tanta vontade de trabalhar hoje, como de pegar em pintelhos encardidos colados ao fundo de um urinol imundo de uma discoteca repleta qualquer.
A respeito de a vida ser uma merda
Um gaijo pode até distrair-se a fazer coisas engraçadas e até arbitrariamente profundas.
Pode até ter uma vida dita normal e tratar bem os pais, ser amigos dos amigos, cultivar relacionamentos profundos e até adorar a namorada.
Pode até ter uma vida profissional estável, e tentar incutir-se de valores mórbidos vulgarmente apelidados de carreira.
Pode até preocupar-se com o futuro do país e do mundo, e indignar-se com o estado de algumas coisas que nos rodeiam.
O que um gaijo não consegue mesmo, é enganar-se a si próprio. E deixar de se convencer que por muito que leve a sério esta merda toda, tudo não passa de espuma. E que, bem lá no fundo, um dia, tudo vai acabar numa praia qualquer como nada.
E que um dia, não importa quão bem trataste as pessoas à tua volta, quanto dinheiro ganhaste, ou quão recordado vais ser, vais acabar entre seis tabuinhas singelas, de pinheiro ou de cerejeira, seis tábuas a sete palmos do chão, a servir de repasto a vermes.
Pode até ter uma vida dita normal e tratar bem os pais, ser amigos dos amigos, cultivar relacionamentos profundos e até adorar a namorada.
Pode até ter uma vida profissional estável, e tentar incutir-se de valores mórbidos vulgarmente apelidados de carreira.
Pode até preocupar-se com o futuro do país e do mundo, e indignar-se com o estado de algumas coisas que nos rodeiam.
O que um gaijo não consegue mesmo, é enganar-se a si próprio. E deixar de se convencer que por muito que leve a sério esta merda toda, tudo não passa de espuma. E que, bem lá no fundo, um dia, tudo vai acabar numa praia qualquer como nada.
E que um dia, não importa quão bem trataste as pessoas à tua volta, quanto dinheiro ganhaste, ou quão recordado vais ser, vais acabar entre seis tabuinhas singelas, de pinheiro ou de cerejeira, seis tábuas a sete palmos do chão, a servir de repasto a vermes.
sexta-feira, dezembro 12, 2008
Gosto de ti, pá!!!
Eu poderia estar aqui em monólogo infindo a debater as coisas todas que gosto em ti.
Ou em alternativa, discorrer longamente sobre as que francamente detesto...
Mas a verdade é que isso seria racionalizar algo de bastante mais sério que um mero deve ou haver… Isso seria acreditar em definitivo que a vida são contas de matemática ou balanças de pesos e medidas com prós e contras, objectivos concretos sem surpresas ou desvairos…
A verdade é que não sei simplesmente explicar porque te adoro... talvez porque me fazes bem, ou porque me fazes sorrir… ou porque gosto de te ver a debateres-te com coisinhas de nada como se fossem o fim do mundo, o teu ar de eterna criança com que olhas à tua volta, o céu, ou para as estrelas… sei lá!
Também te garanto que não quero saber porque gosto… a vida já é feita de demasiadas decisões e escolhas e não quero que tu sejas mais uma. Quero gostar de ti porque és única e tão especial, apenas porque sinto que sim, que está certo, porque gosto de estar a teu lado em cada momento, ver-te ou ouvir-te seja a respirares ou a inspirares-me, como se não fosse nada, natural, casual, como sempre.
E agora que sei que vou fazer sobraçar uma lágrima em cada gaija que ler isto, que vou ter as tuas amigas todas à perna só porque tens a sorte de ter um namorado que escreve lindamente e mais romântico do que sequer pudessem imaginar que fosse possível, agora que os Shakespeares todos deste mundo e do próximo dão voltas nas respectivas campas de intensa frustração por não terem escrito num momento inspirado estes parágrafos que agora te dedico, vou agora por isto no Hi5 só porque sempre sonhei escrever uma obra de arte com essa palavra envolvida e porque por uma vez me apetece espantar os teus pretensos pretendentes sem ser à porrada.
Ou em alternativa, discorrer longamente sobre as que francamente detesto...
Mas a verdade é que isso seria racionalizar algo de bastante mais sério que um mero deve ou haver… Isso seria acreditar em definitivo que a vida são contas de matemática ou balanças de pesos e medidas com prós e contras, objectivos concretos sem surpresas ou desvairos…
A verdade é que não sei simplesmente explicar porque te adoro... talvez porque me fazes bem, ou porque me fazes sorrir… ou porque gosto de te ver a debateres-te com coisinhas de nada como se fossem o fim do mundo, o teu ar de eterna criança com que olhas à tua volta, o céu, ou para as estrelas… sei lá!
Também te garanto que não quero saber porque gosto… a vida já é feita de demasiadas decisões e escolhas e não quero que tu sejas mais uma. Quero gostar de ti porque és única e tão especial, apenas porque sinto que sim, que está certo, porque gosto de estar a teu lado em cada momento, ver-te ou ouvir-te seja a respirares ou a inspirares-me, como se não fosse nada, natural, casual, como sempre.
E agora que sei que vou fazer sobraçar uma lágrima em cada gaija que ler isto, que vou ter as tuas amigas todas à perna só porque tens a sorte de ter um namorado que escreve lindamente e mais romântico do que sequer pudessem imaginar que fosse possível, agora que os Shakespeares todos deste mundo e do próximo dão voltas nas respectivas campas de intensa frustração por não terem escrito num momento inspirado estes parágrafos que agora te dedico, vou agora por isto no Hi5 só porque sempre sonhei escrever uma obra de arte com essa palavra envolvida e porque por uma vez me apetece espantar os teus pretensos pretendentes sem ser à porrada.
sexta-feira, junho 06, 2008
Os Adultos
Há uma cena neste estranho mundo dos adultos, que me faz uma impressão extraordinária. É o facto de não haver uma cerimónia mais ou menos formal de ingresso nesse grupo.
O que acontece, é que vamos crescendo, e nesse processo coisas relativamente importantes vão ocorrendo, tipo fazemos o sexo, entramos na universidade, atingimos a maioridade, encetamos relacionamentos, formamo-nos, começamos a trabalhar, somos promovidos, apaixonamo-nos, mudamos de emprego, visitamos países vários, cultivamos amizades profundas, e apesar do fantástico que é passar por cada uma dessas fases, em momento algum há uma cerimónia oficial em que se possa dizer: "Ah, agora és adulto!".
E o que se passa, é que eu, que nunca recebi o manual de instruções para a vida adulta, continuo a ter dificuldades em gerir algumas situações de forma madura.
E vários anos após a maioridade, mesmo com responsabilidades ou a tomar decisões, a dominar o andamento de reuniões que mudam coisas, a fazer planos de longo prazo, ou mesmo a tomar decisões que mudam a vida de algumas pessoas, ainda continuo a achar que sou um miúdo a brincar aos adultos, como quando éramos crianças e vestíamos fatos entre amigos e fingíamos o ar afectado e sério dos adultos patetas que nos rodeavam.
E ainda hoje por várias vezes, quando me apercebo que a minha vida tem impacto afectivo e efectivo na de algumas outras, quando ouço a minha voz em alguns momentos, a minha voz que muda algumas vidas, aterrorizo-me com a ideia de que eventualmente possa aquela brincadeira de crianças ter terminado e agora ser a sério.
O que acontece, é que vamos crescendo, e nesse processo coisas relativamente importantes vão ocorrendo, tipo fazemos o sexo, entramos na universidade, atingimos a maioridade, encetamos relacionamentos, formamo-nos, começamos a trabalhar, somos promovidos, apaixonamo-nos, mudamos de emprego, visitamos países vários, cultivamos amizades profundas, e apesar do fantástico que é passar por cada uma dessas fases, em momento algum há uma cerimónia oficial em que se possa dizer: "Ah, agora és adulto!".
E o que se passa, é que eu, que nunca recebi o manual de instruções para a vida adulta, continuo a ter dificuldades em gerir algumas situações de forma madura.
E vários anos após a maioridade, mesmo com responsabilidades ou a tomar decisões, a dominar o andamento de reuniões que mudam coisas, a fazer planos de longo prazo, ou mesmo a tomar decisões que mudam a vida de algumas pessoas, ainda continuo a achar que sou um miúdo a brincar aos adultos, como quando éramos crianças e vestíamos fatos entre amigos e fingíamos o ar afectado e sério dos adultos patetas que nos rodeavam.
E ainda hoje por várias vezes, quando me apercebo que a minha vida tem impacto afectivo e efectivo na de algumas outras, quando ouço a minha voz em alguns momentos, a minha voz que muda algumas vidas, aterrorizo-me com a ideia de que eventualmente possa aquela brincadeira de crianças ter terminado e agora ser a sério.
quinta-feira, maio 08, 2008
Please die in pain and agony
Estava aqui a pensar em como toda a gente se preocupa apenas com o sofrimento físico.
Ontem um meia-leca com um canivete tentou assaltar-me. Ora se há coisa que gosto no mundo a seguir a sexo, é de rentabilizar investimentos. Ansiava portanto, desde há bastante tempo, pela oportunidade em que aquelas aulas todas de Muai Thay nas quais paguei para ser espancado se tornassem lucrativas. Assim sendo, parti-lhe as ventas.
Claro que como nunca tinha sido assaltado e gostei, tive de partilhar com as pessoas mais próximas a sensação, não vá um homem ser um psicótico consumado e ignorá-lo.
Ora qual não é o meu espanto quando essas pessoas, em vez de me vangloriarem por ter contribuído para a diminuição do crime na capital do ex-império, e claramente do ego de um criminoso pela forma como fugiu, me vilipendiam por ter oferecido resistência "porque me podia magoar" – imagine-se.
Pressupõe isto portanto que as pessoas em geral acham que muito mais importante que um homem se aleije, que ficar com o ego de macho profundamente danificado por ter sido assaltado por um pintelho parasita da sociedade.
Parti-lhe as ventas porque me pareceu o correcto a fazer. Aliás, se por acaso o imbecil me rasgasse o meu fato novo lindo enquanto me brandia o canivete de forma desajeitada provavelmente essa besta estaria agora afogada no próprio sangue.
Isto, claro, porque homem que é homem, é assaltado 20 vezes num dia espanca-os a todos, vai para casa, beija os filhos, faz o sexo 7 vezes e vai dormir, com a mesma tranquilidade com que estaria se tivesse passado o dia sentado no sofá dividido por entre latas de cerveja e reposições dos jogos da segunda divisão da época de 94/95 na RTP Memória.
Ah! E espero que morra de 20 venéreas putrefactas.
Ontem um meia-leca com um canivete tentou assaltar-me. Ora se há coisa que gosto no mundo a seguir a sexo, é de rentabilizar investimentos. Ansiava portanto, desde há bastante tempo, pela oportunidade em que aquelas aulas todas de Muai Thay nas quais paguei para ser espancado se tornassem lucrativas. Assim sendo, parti-lhe as ventas.
Claro que como nunca tinha sido assaltado e gostei, tive de partilhar com as pessoas mais próximas a sensação, não vá um homem ser um psicótico consumado e ignorá-lo.
Ora qual não é o meu espanto quando essas pessoas, em vez de me vangloriarem por ter contribuído para a diminuição do crime na capital do ex-império, e claramente do ego de um criminoso pela forma como fugiu, me vilipendiam por ter oferecido resistência "porque me podia magoar" – imagine-se.
Pressupõe isto portanto que as pessoas em geral acham que muito mais importante que um homem se aleije, que ficar com o ego de macho profundamente danificado por ter sido assaltado por um pintelho parasita da sociedade.
Parti-lhe as ventas porque me pareceu o correcto a fazer. Aliás, se por acaso o imbecil me rasgasse o meu fato novo lindo enquanto me brandia o canivete de forma desajeitada provavelmente essa besta estaria agora afogada no próprio sangue.
Isto, claro, porque homem que é homem, é assaltado 20 vezes num dia espanca-os a todos, vai para casa, beija os filhos, faz o sexo 7 vezes e vai dormir, com a mesma tranquilidade com que estaria se tivesse passado o dia sentado no sofá dividido por entre latas de cerveja e reposições dos jogos da segunda divisão da época de 94/95 na RTP Memória.
Ah! E espero que morra de 20 venéreas putrefactas.
terça-feira, maio 06, 2008
Os Beijos Não Dados
Cheguei hoje de Praga, uma visita de alguns dias à de longe mais bonita cidade que alguma vez visitei.
A Republica Checa está absolutamente repleta de gaijas lindas e simpáticas, de olhos azuis mas pouco boas, fazia-lhes bem fazer exercício para ficarem com umas nádegas mais latinas.
Ainda assim, e porque sou obviamente um gaijo profundo que dá mais valor à profundidade dos olhos, essas portas da alma, do que aos arcos e dimensões delineados no rabo, fiquei a pensar.
Pois depois destes dias todos a ver gaijas da minha altura com olhos fantásticos, atordoa-me a possibilidade de existir uma vida após esta, segundo os preceitos católicos em que se ganha a omnisciência com a Morte.
Imaginais, rotos leitores, o que me iria mortificar, saber a quantidade de gaijas com as quais podia ter feito o sexo, se falasse com elas e com as quais não falei?
Já pensastes, vós, panascas encapotados, um dia eu morrer e consequentemente saber a miríade de gaijas exemplares que poderiam ter tido a honra, privilégio e prazer de comigo ter partilhado o leito ou um vão de escadas num prédio esconso qualquer?
Claro que o meu frustrado leitor dirá, enquanto se maquilha, "ah e tal mas ó Rebelde, a nostalgia dos caminhos não percorridos é perfeitamente estéril".
Em matemática, há uma técnica divertida de demonstrar algo que é por redução ao absurdo. Apliquemo-la: Se existe Paraíso existe omnisciência. Se existe omnisciência, vais ficar a saber todas as gaijas com as quais podias ter pinado e que não pinaste. Ora saber isso é o Inferno, claro. Portanto no Céu tens o Inferno, um paradoxo. E assim em segundos se esvai a minha esperança de vida posterior confortável a pinar anjas ex-freiras de 20 aninhos, por me ter portado tão bem em vida nestes curtos últimos anos. Ora merda.
A Republica Checa está absolutamente repleta de gaijas lindas e simpáticas, de olhos azuis mas pouco boas, fazia-lhes bem fazer exercício para ficarem com umas nádegas mais latinas.
Ainda assim, e porque sou obviamente um gaijo profundo que dá mais valor à profundidade dos olhos, essas portas da alma, do que aos arcos e dimensões delineados no rabo, fiquei a pensar.
Pois depois destes dias todos a ver gaijas da minha altura com olhos fantásticos, atordoa-me a possibilidade de existir uma vida após esta, segundo os preceitos católicos em que se ganha a omnisciência com a Morte.
Imaginais, rotos leitores, o que me iria mortificar, saber a quantidade de gaijas com as quais podia ter feito o sexo, se falasse com elas e com as quais não falei?
Já pensastes, vós, panascas encapotados, um dia eu morrer e consequentemente saber a miríade de gaijas exemplares que poderiam ter tido a honra, privilégio e prazer de comigo ter partilhado o leito ou um vão de escadas num prédio esconso qualquer?
Claro que o meu frustrado leitor dirá, enquanto se maquilha, "ah e tal mas ó Rebelde, a nostalgia dos caminhos não percorridos é perfeitamente estéril".
Em matemática, há uma técnica divertida de demonstrar algo que é por redução ao absurdo. Apliquemo-la: Se existe Paraíso existe omnisciência. Se existe omnisciência, vais ficar a saber todas as gaijas com as quais podias ter pinado e que não pinaste. Ora saber isso é o Inferno, claro. Portanto no Céu tens o Inferno, um paradoxo. E assim em segundos se esvai a minha esperança de vida posterior confortável a pinar anjas ex-freiras de 20 aninhos, por me ter portado tão bem em vida nestes curtos últimos anos. Ora merda.
terça-feira, novembro 13, 2007
Insulto
... Estás a ouvir ó aleijado mental veado, primeiro da fila em Auschwitz caso fosses vivo na altura?
Os campos de concentração existiram no passado para eliminar gaijos como tu.
És de tal forma deficiente, um parasita da sociedade inútil, é de tal forma desagradável a tua existência ao resto da humanidade, que as tuas únicas funções no mundo são servir de mau exemplo para os outros, e fazer sabonetes.
Os campos de concentração existiram no passado para eliminar gaijos como tu.
És de tal forma deficiente, um parasita da sociedade inútil, é de tal forma desagradável a tua existência ao resto da humanidade, que as tuas únicas funções no mundo são servir de mau exemplo para os outros, e fazer sabonetes.
segunda-feira, setembro 10, 2007
Os Deficientes
Um grupo muito educado de 12 gajos foi passar o fim-de-semana à minha Quinta de Turismo Rural. Pois eram de tal forma corteses e civilizados, que resolveram manter todos os caixotes de lixo impecáveis e brilhantes, e colocar tudo o que lhes sobrava no chão.
Pois estes senhores são excelentes candidatos ao banco da frente de vários infra-citados autocarros, com um extraordinário e divertido passeio em direcção a uma ravina clorídrica.
Aliás, estou a considerar dedicar uma pequenina parte dos 40.000 metros quadrados que detenho no mundo, a um cemitériozinho privado só para mim, onde deverão ficar devidamente protegidas e resguardadas deste mundo cruel, as pessoas de quem não gosto.
Pois estes senhores são excelentes candidatos ao banco da frente de vários infra-citados autocarros, com um extraordinário e divertido passeio em direcção a uma ravina clorídrica.
Aliás, estou a considerar dedicar uma pequenina parte dos 40.000 metros quadrados que detenho no mundo, a um cemitériozinho privado só para mim, onde deverão ficar devidamente protegidas e resguardadas deste mundo cruel, as pessoas de quem não gosto.
sábado, julho 07, 2007
A Teia
Há dias, inadvertidamente, ouvi uma conversa entre duas amigas minhas.
Dizia uma delas: "eh, pá, já não fodo há semanas!".
Mentalmente e desde então, renomeei-a, é claro, para "A Teia".
Ah, e rio-me por dentro, sempre que a vejo.
Dizia uma delas: "eh, pá, já não fodo há semanas!".
Mentalmente e desde então, renomeei-a, é claro, para "A Teia".
Ah, e rio-me por dentro, sempre que a vejo.
domingo, fevereiro 11, 2007
Considerações sobre casar
Neste mundo em que vivemos, ou pelo menos em grande parte dele, existe um ritual medievo, habitualmente apelidado de casamento.
É assim uma espécie de contrato de escravatura ou pelo menos de séria limitação de liberdades individuais, assinada por duas pessoas, e que obriga a que cada uma das partes, para efectuar determinadas actividades perfeitamente livres antes dessa assinatura, passem a ser passíveis de eventual autorização prévia, após.
Por exemplo eu se casasse e um belo dia me apetecesse ir morar para a China, tal facto iria carecer de consulta e mais que provável veto, por parte da minha querida cara-metade.
Ora obviamente, nada obriga um ser humano a casar. Pode ficar feliz e livre por toda a vida, tendo como consequências principais o facto de não ter sexo de uma forma regular, não perpetuar a sua linhagem e ter de estar sempre a mudar de amigos porque esta pandemia leva a que deixem de sair pela supracitada carência de permissão. Tem, é claro, como vantagens o facto de poder fazer o que bem lhe apetece, tendo por restrições apenas o seu grau de avareza.
Claro que uma vez que não é imposto, poderá o meu leitor indagar-se porque me incomodo eu com isso. Pois eu explico:
Porque de repente se formou uma pressão social, claramente incómoda, para que um homem de 33 anos tenha uma relação estável. Como se existissem quatro mandamentos para o ser humano de sucesso: casa, carro, carreira e namorada.
Ainda por cima, tenho uma bem intencionada amiga que emite opiniões do género: “Se não arranjais gaija aqui hoje não arranjais nunca” a um grupo de pessoas, meus amigos, vulgo “encalhados”. Como se o objectivo primordial de qualquer vivência fosse encontrar outra do sexo oposto e pronto, tal como arranjar trabalho ou comprar um carro. E eu que vivi enganado estes anos todos ao pensar que o objectivo primordial da vida era vivê-la.
Isto porque este processo de selecção, a mim não me parece nada claro. Tenho um colega de trabalho, que conheceu a actual esposa num supermercado do outro lado da cidade, onde nunca tinha ido. Ora um semelhante acaso na escolha daquela que irá passar o resto dos dias comigo e será a mãe dos meus filhos deixa-me perplexo.
Resta-me explicar com três teorias alternativas: ou servia uma qualquer (desde que reunisse um conjunto mínimo de qualidades, suponho), ou o homem é mais afortunado que o tipo que ganhou a lotaria duas vezes seguidas, ou afinal existe o destino.
Pois a mim parece-me que as pessoas procuram um relacionamento e pronto. E desde que a pessoa em causa tenha características aceitáveis já serve para se passar o resto da vida. Só assim explico que o senhor Rui que trabalha no Banco A e tenha conhecido lá a Senhora Ana sua actual esposa. Como andou semanas indeciso sobre se devia ou não aceitar antes a proposta de trabalho do Banco B ou da Consultora C, estaria hoje muito provavelmente casado com colaboradoras de cada uma dessas instituições caso o tivesse tomado outra opção laboral.
Pois para mim não serve uma qualquer.
É assim uma espécie de contrato de escravatura ou pelo menos de séria limitação de liberdades individuais, assinada por duas pessoas, e que obriga a que cada uma das partes, para efectuar determinadas actividades perfeitamente livres antes dessa assinatura, passem a ser passíveis de eventual autorização prévia, após.
Por exemplo eu se casasse e um belo dia me apetecesse ir morar para a China, tal facto iria carecer de consulta e mais que provável veto, por parte da minha querida cara-metade.
Ora obviamente, nada obriga um ser humano a casar. Pode ficar feliz e livre por toda a vida, tendo como consequências principais o facto de não ter sexo de uma forma regular, não perpetuar a sua linhagem e ter de estar sempre a mudar de amigos porque esta pandemia leva a que deixem de sair pela supracitada carência de permissão. Tem, é claro, como vantagens o facto de poder fazer o que bem lhe apetece, tendo por restrições apenas o seu grau de avareza.
Claro que uma vez que não é imposto, poderá o meu leitor indagar-se porque me incomodo eu com isso. Pois eu explico:
Porque de repente se formou uma pressão social, claramente incómoda, para que um homem de 33 anos tenha uma relação estável. Como se existissem quatro mandamentos para o ser humano de sucesso: casa, carro, carreira e namorada.
Ainda por cima, tenho uma bem intencionada amiga que emite opiniões do género: “Se não arranjais gaija aqui hoje não arranjais nunca” a um grupo de pessoas, meus amigos, vulgo “encalhados”. Como se o objectivo primordial de qualquer vivência fosse encontrar outra do sexo oposto e pronto, tal como arranjar trabalho ou comprar um carro. E eu que vivi enganado estes anos todos ao pensar que o objectivo primordial da vida era vivê-la.
Isto porque este processo de selecção, a mim não me parece nada claro. Tenho um colega de trabalho, que conheceu a actual esposa num supermercado do outro lado da cidade, onde nunca tinha ido. Ora um semelhante acaso na escolha daquela que irá passar o resto dos dias comigo e será a mãe dos meus filhos deixa-me perplexo.
Resta-me explicar com três teorias alternativas: ou servia uma qualquer (desde que reunisse um conjunto mínimo de qualidades, suponho), ou o homem é mais afortunado que o tipo que ganhou a lotaria duas vezes seguidas, ou afinal existe o destino.
Pois a mim parece-me que as pessoas procuram um relacionamento e pronto. E desde que a pessoa em causa tenha características aceitáveis já serve para se passar o resto da vida. Só assim explico que o senhor Rui que trabalha no Banco A e tenha conhecido lá a Senhora Ana sua actual esposa. Como andou semanas indeciso sobre se devia ou não aceitar antes a proposta de trabalho do Banco B ou da Consultora C, estaria hoje muito provavelmente casado com colaboradoras de cada uma dessas instituições caso o tivesse tomado outra opção laboral.
Pois para mim não serve uma qualquer.
domingo, novembro 12, 2006
Materialismo
A vida é muito fácil quando se é realmente novo.
As únicas preocupações são as realmente óbvias, as habituais 400 gaijas por dia enquanto se aguarda pacientemente pelo primeiro prémio do loto.
Lembro-me quando comecei a trabalhar e comprei uns óculos de sol que passaram de imediato a ser o meu bem mais valioso. Também recordo quando mudei de casa a primeira vez, no percurso para a minha nova habitação levava tudo o que detinha no mundo, na mala do carro.
E num rompante, quase sem darmos por isso, vemo-nos envolvidos em 1001 projectos, decisões e responsabilidades cada um mais absorvente que outro. E as semanas sucedem-se, umas atrás das outras.
E de repente temos um negócio, uma casa, um carro e uma carreira e ainda não estamos satisfeitos, claro. Temos de pensar no próximo negócio, próxima casa, no carro novo e em quanto falta para deixarmos de uma vez por todas de receber ordens do deficiente mental profundo a quem vulgarmente apelidamos de chefe.
Mas recém entrados na Idade da Ressurreição, que sugere mudança, novos planos se levantam e questionam-se os existentes. E, claro, as variantes e cenários são aos milhões. Ser solteiro implica um excesso de flexibilidade que te permite fazer o que bem te apetece o que adiciona alguns milhões de possibilidades à tua vida, como por exemplo poder ir trabalhar para Terras de Sua Majestade já amanhã.
Mas claro, inerente a um ser humano normal, existe sempre uma vontade de assentar, tendência que se acentua com a idade e com o número de quartos de hotel já experimentados. Além do mais, claro, ia agora um ser humano tão fantástico como eu não perpetuar a espécie?
(continua)
As únicas preocupações são as realmente óbvias, as habituais 400 gaijas por dia enquanto se aguarda pacientemente pelo primeiro prémio do loto.
Lembro-me quando comecei a trabalhar e comprei uns óculos de sol que passaram de imediato a ser o meu bem mais valioso. Também recordo quando mudei de casa a primeira vez, no percurso para a minha nova habitação levava tudo o que detinha no mundo, na mala do carro.
E num rompante, quase sem darmos por isso, vemo-nos envolvidos em 1001 projectos, decisões e responsabilidades cada um mais absorvente que outro. E as semanas sucedem-se, umas atrás das outras.
E de repente temos um negócio, uma casa, um carro e uma carreira e ainda não estamos satisfeitos, claro. Temos de pensar no próximo negócio, próxima casa, no carro novo e em quanto falta para deixarmos de uma vez por todas de receber ordens do deficiente mental profundo a quem vulgarmente apelidamos de chefe.
Mas recém entrados na Idade da Ressurreição, que sugere mudança, novos planos se levantam e questionam-se os existentes. E, claro, as variantes e cenários são aos milhões. Ser solteiro implica um excesso de flexibilidade que te permite fazer o que bem te apetece o que adiciona alguns milhões de possibilidades à tua vida, como por exemplo poder ir trabalhar para Terras de Sua Majestade já amanhã.
Mas claro, inerente a um ser humano normal, existe sempre uma vontade de assentar, tendência que se acentua com a idade e com o número de quartos de hotel já experimentados. Além do mais, claro, ia agora um ser humano tão fantástico como eu não perpetuar a espécie?
(continua)
domingo, outubro 15, 2006
Acabar
O conceito de acabar é uma questão fascinante pela qual todos passamos, como sujeitos activos ou passivos ao longo das nossas vidas, e que me parece muito pouco explorado pelos dezassete triliões de livros que hoje pululam as estantes, e nos ensinam desde como fazer o sexo, a descrever o que sentes se fores uma senhora que foge do altar, que deixa o teu quase-marido pendurado e põe meia polícia de um estado qualquer americano atrás de ti.
Pois quando digo acabar refiro-me não só a acabar com uma relação, mas com muitas outras coisas.
E explico porque digo isto.
Hoje, após o meu terceiro dia de trabalho, demiti-me. Nada de assim tão invulgar, não fosse o facto de o ter feito por telefone.
Uma pessoa que se demita por telefone é quase como acabar uma relação por SMS: “Olha, é só para te dizer que acabamos. Tem um bom dia.”
Ou em versão “mais diplomata”: “Desculpa lá os 9 anos que passamos juntos e os jantares, flores e anéis que me ofereceste... desculpa as falsas promessas de amor eterno, os orgasmos fingidos, as expectativas de um relacionamento estável, os sonhos construídos em conjunto e os planos estabelecidos para os filhos, olha, é só para te dizer que, a partir deste momento, acabamos. Tem um bom dia.”
Eu explico porque estou a falar disto. É que eu acho o processo de “viver”, para uma pessoa que procure ser relativamente bem-sucedida, uma coisa assim para o complicado, um problema muito mal-definido e de difícil solução. São necessários muitos pressupostos e estabelecer diversos cenários para as decisões diárias. Acho que devia haver livros, muitos livros sobre o assunto. É que mesmo para uma pessoa apresentável e bem-falante há milhentas coisas no dia-a-dia sem resposta fácil.
Assim sendo, gostaria que alguém criasse um manual de sobrevivência neste planeta e para estes dias, que ensinasse exactamente as melhores formas de passar por todos esses processos habituais sem que sucessivas gerações, tenham de aprender da forma mais difícil, a bater com a cabeça.
Pois quando digo acabar refiro-me não só a acabar com uma relação, mas com muitas outras coisas.
E explico porque digo isto.
Hoje, após o meu terceiro dia de trabalho, demiti-me. Nada de assim tão invulgar, não fosse o facto de o ter feito por telefone.
Uma pessoa que se demita por telefone é quase como acabar uma relação por SMS: “Olha, é só para te dizer que acabamos. Tem um bom dia.”
Ou em versão “mais diplomata”: “Desculpa lá os 9 anos que passamos juntos e os jantares, flores e anéis que me ofereceste... desculpa as falsas promessas de amor eterno, os orgasmos fingidos, as expectativas de um relacionamento estável, os sonhos construídos em conjunto e os planos estabelecidos para os filhos, olha, é só para te dizer que, a partir deste momento, acabamos. Tem um bom dia.”
Eu explico porque estou a falar disto. É que eu acho o processo de “viver”, para uma pessoa que procure ser relativamente bem-sucedida, uma coisa assim para o complicado, um problema muito mal-definido e de difícil solução. São necessários muitos pressupostos e estabelecer diversos cenários para as decisões diárias. Acho que devia haver livros, muitos livros sobre o assunto. É que mesmo para uma pessoa apresentável e bem-falante há milhentas coisas no dia-a-dia sem resposta fácil.
Assim sendo, gostaria que alguém criasse um manual de sobrevivência neste planeta e para estes dias, que ensinasse exactamente as melhores formas de passar por todos esses processos habituais sem que sucessivas gerações, tenham de aprender da forma mais difícil, a bater com a cabeça.
terça-feira, setembro 05, 2006
Momento de Raiva
Cheguei à conclusão que odeio metade da humanidade.
Aliás detesto tanto, são-me de tal forma desagradáveis as suas existências, que gostava que essas pessoas todas fizessem uma excursão, utilizando a frota completa da Carris, STCP, Rede de Expressos e demais.
A meio da excursão desses 30.000.000 de autocarros, devia haver uma ravina de 5.000 metros a pique e esses autocarros deviam cair todinhos pela ravina abaixo.
Ao bater, bem lá no fundo, deviam explodir.
E o que sobrasse devia escorregar pela ribanceira a pique mais uns metros até um lago de veneno clorídrico que derretesse tudo em 2 fumegantes segundos. E só assim eu ficava feliz.
Aliás detesto tanto, são-me de tal forma desagradáveis as suas existências, que gostava que essas pessoas todas fizessem uma excursão, utilizando a frota completa da Carris, STCP, Rede de Expressos e demais.
A meio da excursão desses 30.000.000 de autocarros, devia haver uma ravina de 5.000 metros a pique e esses autocarros deviam cair todinhos pela ravina abaixo.
Ao bater, bem lá no fundo, deviam explodir.
E o que sobrasse devia escorregar pela ribanceira a pique mais uns metros até um lago de veneno clorídrico que derretesse tudo em 2 fumegantes segundos. E só assim eu ficava feliz.
sexta-feira, setembro 01, 2006
Depois de duas horas atrás de uma merda de uns sapatos no maior centro comercial do país e sem que o preço seja obstáculo:
Para todas as gaijas que acham que a personalidade de um homem se reflecte nos sapatos:
Abram uma loja!
Arranjem-me uns clássicos, para jovem executivo de sucesso, dinâmico e inspirado, por favor!
Abram uma loja!
Arranjem-me uns clássicos, para jovem executivo de sucesso, dinâmico e inspirado, por favor!
quarta-feira, agosto 30, 2006
MSN Sarcastic Conversation
(...)
Him: So, how's your sex life going?
Good Rebel: Quite handy.
(...)
Him: So, how's your sex life going?
Good Rebel: Quite handy.
(...)
terça-feira, agosto 29, 2006
Drop Dead!
Porque é que não arranjas uma faca afiada, encostas o gume ao teu pulso esquerdo, e cortas como se não houvesse amanhã?
quinta-feira, agosto 10, 2006
Filosofia
Repetidos leitores deste meu blog tecem considerações a meu respeito, pelo facto de eu ser alegadamente materialista. Que eu só falo de ser rico, e que sou forreta e outros comentários semelhantes.
Ora a minha resposta para os meus leitores é muito simples. Qualquer ser humano inteligente, apresentável e ambicioso precisa de metas a atingir, objectivos com que se possa digladiar para alcançar uma forma de realização pessoal.
Ora em tempos em que a sobrevivência não está em causa, em que já não temos de fugir dos tigres para evitar ser trucidados, e em que as raparigas já não são tão conservadoras que um homem tenha de casar para ter sexo, queriam que me dedicasse a quê, caralho?!?
Ser rico afigura-se-me o único objectivo capaz de proporcionar o equivalente actual ao ancestral prazer da caça.
Mas ó Rebelde, perguntam os meus apanascados leitores, porque não te dedicas antes a desenvolver capacidades pessoais, por exemplo, tocar piano, escrever um livro, ou à pintura?
Pois eu respondo, ó rotos: e depois quando quiser passear, em vez do meu Maserati lindo, meto umas rodas no piano, não?
Os génios são sempre incompreendidos. É sempre isto.
Ora a minha resposta para os meus leitores é muito simples. Qualquer ser humano inteligente, apresentável e ambicioso precisa de metas a atingir, objectivos com que se possa digladiar para alcançar uma forma de realização pessoal.
Ora em tempos em que a sobrevivência não está em causa, em que já não temos de fugir dos tigres para evitar ser trucidados, e em que as raparigas já não são tão conservadoras que um homem tenha de casar para ter sexo, queriam que me dedicasse a quê, caralho?!?
Ser rico afigura-se-me o único objectivo capaz de proporcionar o equivalente actual ao ancestral prazer da caça.
Mas ó Rebelde, perguntam os meus apanascados leitores, porque não te dedicas antes a desenvolver capacidades pessoais, por exemplo, tocar piano, escrever um livro, ou à pintura?
Pois eu respondo, ó rotos: e depois quando quiser passear, em vez do meu Maserati lindo, meto umas rodas no piano, não?
Os génios são sempre incompreendidos. É sempre isto.
terça-feira, agosto 08, 2006
Rico
Rico, eu?!?
Não! Sou um miserável, praticamente um mendigo, um sem-abrigo ao pé daquilo que vou ser daqui a meia dúzia de anos.
Aliás tenciono ser de tal forma abastado, tão opulento e farto, que daqui a uns dez anos nem vou falar para gaijos pelintras como eu, hoje.
Não! Sou um miserável, praticamente um mendigo, um sem-abrigo ao pé daquilo que vou ser daqui a meia dúzia de anos.
Aliás tenciono ser de tal forma abastado, tão opulento e farto, que daqui a uns dez anos nem vou falar para gaijos pelintras como eu, hoje.
sexta-feira, agosto 04, 2006
Ordinarices do Rebelde no Messenger
(...)
Ela: Olha, vou tomar café, queres vir?
Ele: Eu quero é vir-me em cima de ti.
Ela: És sempre assim tão directo?
(...)
Ela: Olha, vou tomar café, queres vir?
Ele: Eu quero é vir-me em cima de ti.
Ela: És sempre assim tão directo?
(...)
domingo, julho 23, 2006
Caralho, pá
Então não é que a besta do meu fornecedor de mecha foi esfaqueado?
Mas isto faz-se?
Então e agora, será que ele se chateia se lhe telefonar a perguntar se conhece mais alguém que me possa ajudar?
Não é fácil, a vida de rebelde!
Mas isto faz-se?
Então e agora, será que ele se chateia se lhe telefonar a perguntar se conhece mais alguém que me possa ajudar?
Não é fácil, a vida de rebelde!
quarta-feira, julho 12, 2006
Piada Seca
Agora que as cidades geminadas (de gémeas) estão na moda, acham que Barcelona e Barcelos são cidades pelo menos primas?
Resposta d'O cada-vez-menos-bom Rebelde: Se forem primas são afastadas.
Resposta d'O cada-vez-menos-bom Rebelde: Se forem primas são afastadas.
segunda-feira, julho 10, 2006
As Vacas
No sábado passado, fui a uma discoteca na minha cidade natal, bem lá no Norte, onde estava a decorrer uma passagem de bikinis, muito concorrida, com duas mocinhas a desfilar de cada vez por um palco improvisado.
Posicionei-me num local de boa visibilidade, e um colega veio para o pé de mim:
(ele) - Dali não se vê um boi.
(o bom rebelde, no seu habitual sarcasmo) - Pois não, vês duas vacas.
Posicionei-me num local de boa visibilidade, e um colega veio para o pé de mim:
(ele) - Dali não se vê um boi.
(o bom rebelde, no seu habitual sarcasmo) - Pois não, vês duas vacas.
segunda-feira, junho 05, 2006
Objectivos
Até aqui há uns tempos atrás, tinha três objectivos de vida muito claramente definidos: ser rico, ser rico e ser rico. Obviamente que se por acaso no decorrer do cumprimento desses objectivos encontrasse uma mulher de quem gostasse e que estivesse na disposição de ter 4 filhos, óptimo.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
sexta-feira, maio 05, 2006
Tratado de Tordesilhas
Há umas semanas atrás, no café da minha aldeia, estava uma menina de 6 anos a classificar as pessoas presentes entre betos e dreads. Qual tratado de Tordesilhas, a humanidade foi assim dividida em duas partes, tu és beto, tu és dread, tu és beto, tu és dread…
Como não gostei da minha etiqueta de de beto, comprei umas calças modernas dessas cheias de remendos e submeti-me a nova classificação.
Novamente beto, gajos que se penteiam para o lado não enganam ninguém.
Como não gostei da minha etiqueta de de beto, comprei umas calças modernas dessas cheias de remendos e submeti-me a nova classificação.
Novamente beto, gajos que se penteiam para o lado não enganam ninguém.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Barcelona
Barcelona é uma cidade muito fixe. Tem muitos edifícios bonitos com centenas de anos de história, devidos ao ouro todo que trouxeram da América, tudo por causa de um Português chamado Colombo com dificuldades de orientação.
Barcelona pertence a um país chamado Espanha, sensivelmente do mesmo tamanho que a França mas com menos pessoas e 5 línguas. Os espanhóis tem umas características muito engraçadas, como por exemplo acharem que a província deles é a melhor do mundo, que o vinho da terra deles é o melhor do universo e por aí adiante.
Tem também uma mania pouco interessante de traduzir tudo o que lhes aparece à frente que às vezes origina algumas confusões.
O passado fim-de-semana resolvi ficar em Barcelona. Isso implicou uma coisa muito agradável que foi sair do hotel de 4 estrelas onde a minha empresa me instalou por estar lá a trabalhar e mudar para uma pousada de 12 euros a noite, que essa sou eu que pago e sou forreta.
Como tinha medo de ser assaltado na referida pousada aluguei também um carro para guardar a mala e para passear por essa terra que é um bocado grande. O carro, fui buscá-lo a uma empresa chamada AutoEuropa, que descobri através de uma pesquisa na Internet por “aluguer carros baratos Barcelona”.
Ou melhor, tentei ir buscá-lo porque quando cheguei ao aeroporto, perfilavam-se uma meia dúzia de empresas alugadoras de carros, mas de AutoEuropa nada. Fiquei praticamente convencido de que tinha sido vítima de uma fraude via Internet.
Uma dúzia de perguntas depois, descobri que AutoEuropa era uma tradução espanhola muito criativa e peculiar para EuropCar. Suponho que precisava de duplicar o QI para descobrir isso sozinho.
Peguei no carro e fui directo à pousada. Esta, era mais ou menos do tamanho do meu anterior quarto de hotel só que dormiam lá 12 pessoas em beliches, todas no mesmo quarto e estava cheia.
Assim que descobri onde a pousada era fui visitar o Bairro Gótico, lá perto, que é muito característico. Ao voltar para a pousada lembrei-me que me tinha esquecido de anotar a rua onde tinha estacionado o carro pelo que andei uma boa meia hora atrás dele.
Cansado de uma semana de trabalho e de tanto andar fui dormir. Estava sozinho e adormeci depressa. Pelas 6 da manhã foram chegando as pessoas, a saber 7 alemãs, 2 inglesas, uma finlandesa que era tal e qual a Júlia Roberts mas mais pálida e com óculos e um polaco. As minhas perspectivas iniciais de dormir naquele sítio com gaijos tipo tropa a cheirar mal, mudaram logo para um extremo oposto muito, mas muito mais agradável.
Uma das Alemãs, que dormia no beliche por baixo do meu e com evidentes dificuldades de equilíbrio, não teve qualquer pudor em despir-se à minha frente antes de se deitar. De alguma forma deve ter gostado do declive da tenda que de imediato se montou no meu lençol, porque me perguntou baixinho se lhe queria fazer companhia no beliche de baixo… Acedi prontamente, claro.
No dia seguinte ao contrário de todos, levantei-me cedo porque há quatro coisas que não gosto de fazer no mundo, uma é matar, outra é roubar, outra é acordar ao lado de uma gaija com mau hálito com cabelo que cheira a cigarros com ar desidratado e a cara toda borrada de base, e a outra é ver o meu carro rebocado por não estar a pagar a mais fantástica tarifa de estacionamento na rua que eu já vi, de 3 euros à hora todos os dias excepto domingos.
Fui ver a Sagrada Família. Quando entrei apeteceu-me gritar. Paguei nove euros por estar no meio de uma multidão a ver andaimes iguais ao da minha casa aqui há uns anos atrás só que mais altos. Para me castigar e para evitar a fila para o elevador, subi umas estreitas escadas até ao topo, no meio de um grupo de japoneses que deviam ter um prazer mais que sexual em tirar fotografias. Com sorte, volto lá em 2040 quando estiver pronto.
Depois disso visitei um parque muito bonito chamado Guell, onde Gaudi morou, o que me faz pensar que essa cidade deve as suas infra-estruturas turísticas ao Colombo e ao Gaudi – cidade com sorte em ter duas personagens dessas. O parque é assim como uma quinta com algumas casinhas que parecem de bonecas só que grandes. Gostei muito.
Resolvi voltar à pousada. Estava a preparar um lanche na cozinha e entrou a minha Finlandesa linda. Conversei com ela e revelou-se uma das pessoas mais interessantes que já tive o prazer de conhecer. Gostei muito de uma parte em que eu me estava a gabar de já ter visitado oito países em dois continentes ao que ela retorquiu amavelmente que já tinha visitado vinte e dois em quatro continentes.
Aquela rapariga deu-me vontade de pedir transferência para os escritórios de Helsínquia e comprar uma casinha com um lago por lá. Obviamente passamos o resto do fim-de-semana juntos e a conversar. Também passeamos um bocado pela cidade, pelo menos nos breves momentos em que conseguíamos tirar as mãos um do outro.
Com isto tudo acredito que tanto eu como o Polaco tivemos um dos melhores fins-de-semana das nossas vidas. Espero que se repitam muitas vezes.
Barcelona pertence a um país chamado Espanha, sensivelmente do mesmo tamanho que a França mas com menos pessoas e 5 línguas. Os espanhóis tem umas características muito engraçadas, como por exemplo acharem que a província deles é a melhor do mundo, que o vinho da terra deles é o melhor do universo e por aí adiante.
Tem também uma mania pouco interessante de traduzir tudo o que lhes aparece à frente que às vezes origina algumas confusões.
O passado fim-de-semana resolvi ficar em Barcelona. Isso implicou uma coisa muito agradável que foi sair do hotel de 4 estrelas onde a minha empresa me instalou por estar lá a trabalhar e mudar para uma pousada de 12 euros a noite, que essa sou eu que pago e sou forreta.
Como tinha medo de ser assaltado na referida pousada aluguei também um carro para guardar a mala e para passear por essa terra que é um bocado grande. O carro, fui buscá-lo a uma empresa chamada AutoEuropa, que descobri através de uma pesquisa na Internet por “aluguer carros baratos Barcelona”.
Ou melhor, tentei ir buscá-lo porque quando cheguei ao aeroporto, perfilavam-se uma meia dúzia de empresas alugadoras de carros, mas de AutoEuropa nada. Fiquei praticamente convencido de que tinha sido vítima de uma fraude via Internet.
Uma dúzia de perguntas depois, descobri que AutoEuropa era uma tradução espanhola muito criativa e peculiar para EuropCar. Suponho que precisava de duplicar o QI para descobrir isso sozinho.
Peguei no carro e fui directo à pousada. Esta, era mais ou menos do tamanho do meu anterior quarto de hotel só que dormiam lá 12 pessoas em beliches, todas no mesmo quarto e estava cheia.
Assim que descobri onde a pousada era fui visitar o Bairro Gótico, lá perto, que é muito característico. Ao voltar para a pousada lembrei-me que me tinha esquecido de anotar a rua onde tinha estacionado o carro pelo que andei uma boa meia hora atrás dele.
Cansado de uma semana de trabalho e de tanto andar fui dormir. Estava sozinho e adormeci depressa. Pelas 6 da manhã foram chegando as pessoas, a saber 7 alemãs, 2 inglesas, uma finlandesa que era tal e qual a Júlia Roberts mas mais pálida e com óculos e um polaco. As minhas perspectivas iniciais de dormir naquele sítio com gaijos tipo tropa a cheirar mal, mudaram logo para um extremo oposto muito, mas muito mais agradável.
Uma das Alemãs, que dormia no beliche por baixo do meu e com evidentes dificuldades de equilíbrio, não teve qualquer pudor em despir-se à minha frente antes de se deitar. De alguma forma deve ter gostado do declive da tenda que de imediato se montou no meu lençol, porque me perguntou baixinho se lhe queria fazer companhia no beliche de baixo… Acedi prontamente, claro.
No dia seguinte ao contrário de todos, levantei-me cedo porque há quatro coisas que não gosto de fazer no mundo, uma é matar, outra é roubar, outra é acordar ao lado de uma gaija com mau hálito com cabelo que cheira a cigarros com ar desidratado e a cara toda borrada de base, e a outra é ver o meu carro rebocado por não estar a pagar a mais fantástica tarifa de estacionamento na rua que eu já vi, de 3 euros à hora todos os dias excepto domingos.
Fui ver a Sagrada Família. Quando entrei apeteceu-me gritar. Paguei nove euros por estar no meio de uma multidão a ver andaimes iguais ao da minha casa aqui há uns anos atrás só que mais altos. Para me castigar e para evitar a fila para o elevador, subi umas estreitas escadas até ao topo, no meio de um grupo de japoneses que deviam ter um prazer mais que sexual em tirar fotografias. Com sorte, volto lá em 2040 quando estiver pronto.
Depois disso visitei um parque muito bonito chamado Guell, onde Gaudi morou, o que me faz pensar que essa cidade deve as suas infra-estruturas turísticas ao Colombo e ao Gaudi – cidade com sorte em ter duas personagens dessas. O parque é assim como uma quinta com algumas casinhas que parecem de bonecas só que grandes. Gostei muito.
Resolvi voltar à pousada. Estava a preparar um lanche na cozinha e entrou a minha Finlandesa linda. Conversei com ela e revelou-se uma das pessoas mais interessantes que já tive o prazer de conhecer. Gostei muito de uma parte em que eu me estava a gabar de já ter visitado oito países em dois continentes ao que ela retorquiu amavelmente que já tinha visitado vinte e dois em quatro continentes.
Aquela rapariga deu-me vontade de pedir transferência para os escritórios de Helsínquia e comprar uma casinha com um lago por lá. Obviamente passamos o resto do fim-de-semana juntos e a conversar. Também passeamos um bocado pela cidade, pelo menos nos breves momentos em que conseguíamos tirar as mãos um do outro.
Com isto tudo acredito que tanto eu como o Polaco tivemos um dos melhores fins-de-semana das nossas vidas. Espero que se repitam muitas vezes.
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Pergunta existencial de que me lembrei ao acordar:
Quando um gajo é muçulmano e mora nos antípodas de Meca, para que lado se vira quando reza?
segunda-feira, setembro 13, 2004
Multidões
Tenho uma particular aversão a multidões. Por multidões entenda-se qualquer local com menos de um metro entre qualquer pessoa e onde eu esteja, sóbrio. Isto porque acredito que os contactos físicos existem, ou justificam-se apenas, com o intuito de cumprimentar as pessoas, para jogar futebol e para sexo.
Ora importa salientar que esta peculiar aversão a contactos físicos ocorre por três razões:
a) Tenho cócegas;
b) Pratiquei artes marciais de extrema violência durante algum tempo, onde me amestraram a estar perpetuamente em posição de defesa de qualquer golpe proveniente de qualquer lugar e por quem quer que seja, o que se torna difícil e me coloca francamente incomodado quando se tem muitas gente à volta;
c) Pelas mesmas razões que as restantes pessoas do mundo não gostam de multidões nomeadamente gostar de andar com os pés no chão, não tocar em pessoas que não tomam banho ou acham o desodorizante um conceito algo estranho, ou aquele hábito que algumas pessoas têm de por a mão nas costas da pessoa que vai à frente mesmo que não a conheçam quando se vai numa fila a atravessar uma multidão, etc.
Acontece que existe um problema neste nosso jardim, à beira mar plantado, que tem a ver com o tamanho das embalagens vendidas nos hipermercados. Acontece que até sou solteiro e não tenho como tal de comprar bens, numa base habitual para 10 pessoas nem nada que se aproxime. Acontece também que vivo agora numa cidade pequena que só tem um hipermercado. Acontece ainda que, pelas razões acima mencionadas relacionadas com repulsa mórbida por multidões, não gosto de ir às compras a esse sítio porque está sempre cheio mas que por ausência de alternativas razoáveis até sou obrigado a ir. Assim sendo, e a fim minimizar o número de vezes que lá vou, tenho por hábito comprar quantidades suficientes para pelo menos um mês. Ora o problema reside aqui. Não me parece nada bem, que, quando vou comprar cornflakes, tenha de comprar 20 embalagens de 375 gramas porque não há maior. Faz-me pensar, com saudade, em outros países onde se podem comprar baldes de mousse, sacos de 10 kg de arroz, caixotes de cevada ou potes de manteiga de amendoim.
Lembrei-me disto porque vi há uns quatro anos um filme, o Diário de Bridget Jones, que conta a história de uma rapariga que procura um rapaz que preencha TODOS os seguintes requisitos: não ser pervertido, alcoólico, workoólico, misógino, megalómano, casado ou enamorado, chauvinista ou avesso a compromissos.
Depois deste filme passei uns tempos deprimido por achar que reunia praticamente TODAS essas características. Passados uns tempos passei a consolar-me interiormente por pelo menos não ser nem casado, e muito menos misógino.
Isto porque há muito pouco tempo atrás, falei com uma rapariga muito simpática já de mim conhecida. Depois de uma conversa decente, daquelas com várias frases de mais de sete palavras e em que o termo “merda” não foi mencionado (coisa rara), roguei-lhe enternecido e sorridente, que me explicasse porque é que nós os dois não namorávamos. Ao que ela me respondeu, com desplante e ar triste “Tu, és bom demais para mim”. A partir desse momento (e enquanto ela fugia, corada), comecei a cantar (interiormente, porque não sou paneleiro, claro) “I’m just too good to be true”, adaptação minha de “You’re just too good to be true”, e que podem ouvir, ou cantar, por exemplo aqui: Too Good.
Esta aventura serviu de consolo para a última desventura com uma rapariga com quem um relacionamento eventualmente sério não funcionou devido a, segundo ela, eu ser uma pessoa sem objectivos traçados. Que alarvidade! É claro que tenho objectivos. Tenho três, até: ser rico, ser rico e ser rico.
Uma parte algo significativa das minhas férias foi passada em um estado de ligeiro torpor alcoólico. A piada disto, é que eu, que sempre tive um instinto muito auto-protector (de notar que já fui ou sou: vegetariano, frequentador assíduo de ginásios, praticante regular de exercício físico e que troquei a capital do país que habito por outra, com ar muito puro), sempre fiquei impressionado pelas razões pelas quais um homem com auto-estima acentuada se destrói de tal forma. Fiquei no entanto espantado com as capacidades de autodefesa do corpo humano, em que passado um mês de copos numa base diária fiquei doente.
É simples. Depois de um mês de copos seguidos, fica-se doente, dorme-se três dias seguidos, acorda-se e regressa-se ao QI de 134 que se tinha, à capacidade de ter conversas decentes, à vontade de escrever blogs que mais ninguém lê, e enfim, de um modo geral para um modo de vida mais saudável e ligeiramente menos superficial e pateta.
É claro que já me ocorreu parar de fumar ou de beber. E, para ser honesto, o problema essencial nem sequer me parece ser o de enfrentar a dependência. Muito pior do que isso é decidir o que se vai fazer depois. Por exemplo, o que fazer com as mãos, quando se vai a um bar. Para quem não aprecia particularmente dançar, muito menos sóbrio, pelas semelhanças que tal acto tem com rituais primitivos ou cerimónias medievais, e considerando que dado o volume e qualidade da música, não é dos sítios mais indicados para conversar, o que fazer com as mãos num bar quando não se fuma nem bebe, assume as características de um problema catastrófico. A forma habitual de cigarro numa mão e copo em outra, fica, é claro, posta de parte.
Obviamente, podia deixar de ir a bares e começar a interessar-me por exemplo por cinema e desatar a alugar filmes até saber de cor o nome de todas as actrizes, actores e realizadores deste século e do transacto. Ou tirar cursos de fotografia, pintura e escultura, ou tudo em simultâneo. Ainda assim, a solução mais confortável para parar de fumar e beber, parece-me que é ter apendicite, passar uns 5 dias no hospital de mãos atadas e sem telefone para que não se possa chamar pelos verdadeiros amigos que, a meu pedido, substituiriam o soro por vodka, sair do internamento, inscrever-me de imediato no conservatório de música e passar os serões do resto da minha vida a tocar piano, o que é realmente óptimo porque preenche as duas mãos.
Ora importa salientar que esta peculiar aversão a contactos físicos ocorre por três razões:
a) Tenho cócegas;
b) Pratiquei artes marciais de extrema violência durante algum tempo, onde me amestraram a estar perpetuamente em posição de defesa de qualquer golpe proveniente de qualquer lugar e por quem quer que seja, o que se torna difícil e me coloca francamente incomodado quando se tem muitas gente à volta;
c) Pelas mesmas razões que as restantes pessoas do mundo não gostam de multidões nomeadamente gostar de andar com os pés no chão, não tocar em pessoas que não tomam banho ou acham o desodorizante um conceito algo estranho, ou aquele hábito que algumas pessoas têm de por a mão nas costas da pessoa que vai à frente mesmo que não a conheçam quando se vai numa fila a atravessar uma multidão, etc.
Acontece que existe um problema neste nosso jardim, à beira mar plantado, que tem a ver com o tamanho das embalagens vendidas nos hipermercados. Acontece que até sou solteiro e não tenho como tal de comprar bens, numa base habitual para 10 pessoas nem nada que se aproxime. Acontece também que vivo agora numa cidade pequena que só tem um hipermercado. Acontece ainda que, pelas razões acima mencionadas relacionadas com repulsa mórbida por multidões, não gosto de ir às compras a esse sítio porque está sempre cheio mas que por ausência de alternativas razoáveis até sou obrigado a ir. Assim sendo, e a fim minimizar o número de vezes que lá vou, tenho por hábito comprar quantidades suficientes para pelo menos um mês. Ora o problema reside aqui. Não me parece nada bem, que, quando vou comprar cornflakes, tenha de comprar 20 embalagens de 375 gramas porque não há maior. Faz-me pensar, com saudade, em outros países onde se podem comprar baldes de mousse, sacos de 10 kg de arroz, caixotes de cevada ou potes de manteiga de amendoim.
Lembrei-me disto porque vi há uns quatro anos um filme, o Diário de Bridget Jones, que conta a história de uma rapariga que procura um rapaz que preencha TODOS os seguintes requisitos: não ser pervertido, alcoólico, workoólico, misógino, megalómano, casado ou enamorado, chauvinista ou avesso a compromissos.
Depois deste filme passei uns tempos deprimido por achar que reunia praticamente TODAS essas características. Passados uns tempos passei a consolar-me interiormente por pelo menos não ser nem casado, e muito menos misógino.
Isto porque há muito pouco tempo atrás, falei com uma rapariga muito simpática já de mim conhecida. Depois de uma conversa decente, daquelas com várias frases de mais de sete palavras e em que o termo “merda” não foi mencionado (coisa rara), roguei-lhe enternecido e sorridente, que me explicasse porque é que nós os dois não namorávamos. Ao que ela me respondeu, com desplante e ar triste “Tu, és bom demais para mim”. A partir desse momento (e enquanto ela fugia, corada), comecei a cantar (interiormente, porque não sou paneleiro, claro) “I’m just too good to be true”, adaptação minha de “You’re just too good to be true”, e que podem ouvir, ou cantar, por exemplo aqui: Too Good.
Esta aventura serviu de consolo para a última desventura com uma rapariga com quem um relacionamento eventualmente sério não funcionou devido a, segundo ela, eu ser uma pessoa sem objectivos traçados. Que alarvidade! É claro que tenho objectivos. Tenho três, até: ser rico, ser rico e ser rico.
Uma parte algo significativa das minhas férias foi passada em um estado de ligeiro torpor alcoólico. A piada disto, é que eu, que sempre tive um instinto muito auto-protector (de notar que já fui ou sou: vegetariano, frequentador assíduo de ginásios, praticante regular de exercício físico e que troquei a capital do país que habito por outra, com ar muito puro), sempre fiquei impressionado pelas razões pelas quais um homem com auto-estima acentuada se destrói de tal forma. Fiquei no entanto espantado com as capacidades de autodefesa do corpo humano, em que passado um mês de copos numa base diária fiquei doente.
É simples. Depois de um mês de copos seguidos, fica-se doente, dorme-se três dias seguidos, acorda-se e regressa-se ao QI de 134 que se tinha, à capacidade de ter conversas decentes, à vontade de escrever blogs que mais ninguém lê, e enfim, de um modo geral para um modo de vida mais saudável e ligeiramente menos superficial e pateta.
É claro que já me ocorreu parar de fumar ou de beber. E, para ser honesto, o problema essencial nem sequer me parece ser o de enfrentar a dependência. Muito pior do que isso é decidir o que se vai fazer depois. Por exemplo, o que fazer com as mãos, quando se vai a um bar. Para quem não aprecia particularmente dançar, muito menos sóbrio, pelas semelhanças que tal acto tem com rituais primitivos ou cerimónias medievais, e considerando que dado o volume e qualidade da música, não é dos sítios mais indicados para conversar, o que fazer com as mãos num bar quando não se fuma nem bebe, assume as características de um problema catastrófico. A forma habitual de cigarro numa mão e copo em outra, fica, é claro, posta de parte.
Obviamente, podia deixar de ir a bares e começar a interessar-me por exemplo por cinema e desatar a alugar filmes até saber de cor o nome de todas as actrizes, actores e realizadores deste século e do transacto. Ou tirar cursos de fotografia, pintura e escultura, ou tudo em simultâneo. Ainda assim, a solução mais confortável para parar de fumar e beber, parece-me que é ter apendicite, passar uns 5 dias no hospital de mãos atadas e sem telefone para que não se possa chamar pelos verdadeiros amigos que, a meu pedido, substituiriam o soro por vodka, sair do internamento, inscrever-me de imediato no conservatório de música e passar os serões do resto da minha vida a tocar piano, o que é realmente óptimo porque preenche as duas mãos.
terça-feira, fevereiro 17, 2004
Objectivos - adaptação
Até ter completo 30 anos de idade, tinha uma linha de vida traçada que apontava para encontrar uma rapariga com ar maternal, bondosa, carinhosa e feminina, uma mãe para os nossos filhos.
Adicionalmente seriam apreciadas qualidades como capacidade lutadora e espírito comunicativo, no sentido em que essa senhora deveria estar disposta a uma boa dose de teimosia na prossecução dos objectivos a que se propusesse alcançar e deter um gosto especial por conversar.
Isto, foi antes dos 30.
Agora, fartei-me dessa merda e quero é gaijas com as tetas grandes.
Só para que saibam.
Adicionalmente seriam apreciadas qualidades como capacidade lutadora e espírito comunicativo, no sentido em que essa senhora deveria estar disposta a uma boa dose de teimosia na prossecução dos objectivos a que se propusesse alcançar e deter um gosto especial por conversar.
Isto, foi antes dos 30.
Agora, fartei-me dessa merda e quero é gaijas com as tetas grandes.
Só para que saibam.
sexta-feira, janeiro 16, 2004
Goals in Life
I have just realized that my life needs some goals above and beyond stop smoking.
Everything because I have read somewhere that people who do not get rich until they have 30 loose their chances of doing it after. Because of that I’ve totally forgotten mine continuous hunt for sex and I’ve completely replaced it for a true seek of a happy way to be rich. Well the true problem is that I already have 30.
So I would really appreciate it if you could gently and urgently share with me a moral way of doing it. Please let me know if you have any ideas!
I suppose that you, Good Rebel' Fans, believe that to become a gigolo doesn’t work?
Just look at that dictionary definition, can you possibly imagine something more beautiful?
“Gigolo:
A man who has sex with and is supported by a woman”
After all these considerations and having all of this in mind, I decided to absolutely dedicate my life to the chase of a rich pretty woman, available to support me in return of high-quality-sex.
After I find her, each one of you, GIRLS, can have the honor, the privilege, and the pleasure of sleeping with me. Considering you’re my readers, I promise not to charge you for that.
Everything because I have read somewhere that people who do not get rich until they have 30 loose their chances of doing it after. Because of that I’ve totally forgotten mine continuous hunt for sex and I’ve completely replaced it for a true seek of a happy way to be rich. Well the true problem is that I already have 30.
So I would really appreciate it if you could gently and urgently share with me a moral way of doing it. Please let me know if you have any ideas!
I suppose that you, Good Rebel' Fans, believe that to become a gigolo doesn’t work?
Just look at that dictionary definition, can you possibly imagine something more beautiful?
“Gigolo:
A man who has sex with and is supported by a woman”
After all these considerations and having all of this in mind, I decided to absolutely dedicate my life to the chase of a rich pretty woman, available to support me in return of high-quality-sex.
After I find her, each one of you, GIRLS, can have the honor, the privilege, and the pleasure of sleeping with me. Considering you’re my readers, I promise not to charge you for that.
terça-feira, janeiro 13, 2004
Como ser deportado para a província
Não sei porque levei tanto tempo a voltar a escrever neste blog. Bem, até sei...
Sei que atravesso um bloqueio de escritor daqueles que tornam as pessoas pouco produtivas, criativamente falando...
Tenho andado com dilemas de consciência inadiáveis, a habitual depressão do terço de idade, suponho. Afinal, se há uma depressão da meia-idade, porque não há-de haver a do terço de idade?
Fartei-me de pensar e decidi-me enfim a trocar uma carreira bem-sucedida, de jovem executivo de sucesso, por nada. Despedi-me.
Decidi assim, voltar para a terra onde cresci. Cansado de receber ordens, optei por mandar em mim próprio. E, francamente, não me apetece passar 44 anos num escritório e passar directamente do escritório para um asilo onde o meu maior sonho vai ser chegar à casa de banho a tempo.
Resolvi-me a arregaçar as mangas e a optar por ajudar nas bem-avançadas obras da quinta em vez de continuar a investir numa carreira...
Considero, no entanto, a hipótese de viver mais uns 3 meses por cá. Vou assim viver por mais uns tempos descongelado, neste clima ligeiramente mais temperado do Sul do país, até ao fim do Inverno. Além de que desta forma, a adaptação à mudança de vida é mais gradual, não vou passar pelo choque de mudar radicalmente de vida de um dia para o outro e de passar assim de um estado de liberdade total como tenho aqui em Lisboa, para uma situação de viver com os pais, ver a minha vida comentada pelos vizinhos e essas coisas a que até acho muita piada porque nasci com uma espécie muito peculiar de loucura que me faz adorar chocar gente demasiado conservadora.
No entanto, trocar a cidade mais desenvolvida do país por uma das mais pobres parece suicídio a toda a gente.
E, coisa incrível, pela primeira vez na vida, tomo uma decisão com que absolutamente ninguém concorda. O que me chateia não é remar contra a maré, mas apenas que nem sequer aqueles amigos mais malucos que qualquer gajo tem, por norma aqueles que já experimentaram vários tipos de droga e que tem um espírito tão aberto que me preocupa seriamente que os cérebros deles caiam, nem sequer esses me apoiem: discordam por completo da decisão tomada.
O meu problema é que porque as obras lá na quinta avançam a bom ritmo, e se não for lá de vez em quando alguém tomar conta e trabalhar com os pedreiros, vão com certeza deitar-se debaixo das árvores a jogar às cartas. Além disso não me parece fazer qualquer sentido dedicar-me à empresa para a qual (ainda) trabalho e deixar o meu próprio negócio por mãos alheias. Bolas, alguns gajos enriqueceram bastante por conta própria, porque não hei-de eu também?
Claro que vou ter saudades de algumas coisas... 12 anos numa cidade qualquer marcam sempre uma pessoa. Vou sentir a falta dos cafés à beira-rio, dos amigos que deixo por cá, de uma vida mentalmente mais activa e de um nível cultural eventualmente mais elevado.
Apesar das aparências, está tudo na mesma. Continuo a beber mais do que devia e provavelmente a desperdiçar a juventude em cafés enegrecidos, ou com raparigas que não dizem mais de sete palavras seguidas, mas não se pode querer ter tudo de uma vez, suponho.
Mas quando estiverem prontas essas obras, lá estarei a morar na minha querida aldeia à beira mar, que nem um príncipe, e a bem receber essas turistas norueguesas, suecas e dinamarquesas.
Aliás prometi-me já que como prémio pelo trabalho bem esforçado a que a troca da vida de web-developer pela vida de trolha vai obrigar, a primeira acção publicitária que a minha casa de turismo rural terá, será em forma de banner na edição electrónica da PlayGirl de um país escandinavo qualquer. Não duvido da ânsia que as meninas ricas desses países detêm por um macho latino, a que facilmente corresponderei.
Claro que se nada disto funcionar, vou fazer concorrência a Bragança e abrir um bordel como deve ser. Como a minha experiência por essas bandas se resume a uma, acho que vou ter de passar os próximos tempos em aprendizagem muito intensiva.
Sei que atravesso um bloqueio de escritor daqueles que tornam as pessoas pouco produtivas, criativamente falando...
Tenho andado com dilemas de consciência inadiáveis, a habitual depressão do terço de idade, suponho. Afinal, se há uma depressão da meia-idade, porque não há-de haver a do terço de idade?
Fartei-me de pensar e decidi-me enfim a trocar uma carreira bem-sucedida, de jovem executivo de sucesso, por nada. Despedi-me.
Decidi assim, voltar para a terra onde cresci. Cansado de receber ordens, optei por mandar em mim próprio. E, francamente, não me apetece passar 44 anos num escritório e passar directamente do escritório para um asilo onde o meu maior sonho vai ser chegar à casa de banho a tempo.
Resolvi-me a arregaçar as mangas e a optar por ajudar nas bem-avançadas obras da quinta em vez de continuar a investir numa carreira...
Considero, no entanto, a hipótese de viver mais uns 3 meses por cá. Vou assim viver por mais uns tempos descongelado, neste clima ligeiramente mais temperado do Sul do país, até ao fim do Inverno. Além de que desta forma, a adaptação à mudança de vida é mais gradual, não vou passar pelo choque de mudar radicalmente de vida de um dia para o outro e de passar assim de um estado de liberdade total como tenho aqui em Lisboa, para uma situação de viver com os pais, ver a minha vida comentada pelos vizinhos e essas coisas a que até acho muita piada porque nasci com uma espécie muito peculiar de loucura que me faz adorar chocar gente demasiado conservadora.
No entanto, trocar a cidade mais desenvolvida do país por uma das mais pobres parece suicídio a toda a gente.
E, coisa incrível, pela primeira vez na vida, tomo uma decisão com que absolutamente ninguém concorda. O que me chateia não é remar contra a maré, mas apenas que nem sequer aqueles amigos mais malucos que qualquer gajo tem, por norma aqueles que já experimentaram vários tipos de droga e que tem um espírito tão aberto que me preocupa seriamente que os cérebros deles caiam, nem sequer esses me apoiem: discordam por completo da decisão tomada.
O meu problema é que porque as obras lá na quinta avançam a bom ritmo, e se não for lá de vez em quando alguém tomar conta e trabalhar com os pedreiros, vão com certeza deitar-se debaixo das árvores a jogar às cartas. Além disso não me parece fazer qualquer sentido dedicar-me à empresa para a qual (ainda) trabalho e deixar o meu próprio negócio por mãos alheias. Bolas, alguns gajos enriqueceram bastante por conta própria, porque não hei-de eu também?
Claro que vou ter saudades de algumas coisas... 12 anos numa cidade qualquer marcam sempre uma pessoa. Vou sentir a falta dos cafés à beira-rio, dos amigos que deixo por cá, de uma vida mentalmente mais activa e de um nível cultural eventualmente mais elevado.
Apesar das aparências, está tudo na mesma. Continuo a beber mais do que devia e provavelmente a desperdiçar a juventude em cafés enegrecidos, ou com raparigas que não dizem mais de sete palavras seguidas, mas não se pode querer ter tudo de uma vez, suponho.
Mas quando estiverem prontas essas obras, lá estarei a morar na minha querida aldeia à beira mar, que nem um príncipe, e a bem receber essas turistas norueguesas, suecas e dinamarquesas.
Aliás prometi-me já que como prémio pelo trabalho bem esforçado a que a troca da vida de web-developer pela vida de trolha vai obrigar, a primeira acção publicitária que a minha casa de turismo rural terá, será em forma de banner na edição electrónica da PlayGirl de um país escandinavo qualquer. Não duvido da ânsia que as meninas ricas desses países detêm por um macho latino, a que facilmente corresponderei.
Claro que se nada disto funcionar, vou fazer concorrência a Bragança e abrir um bordel como deve ser. Como a minha experiência por essas bandas se resume a uma, acho que vou ter de passar os próximos tempos em aprendizagem muito intensiva.
terça-feira, janeiro 06, 2004
O Canadá
Esta crónica reporta as minhas férias no Canadá, a terra em que nasci e onde passei um mês há um ano atrás. Relata alguns factos curiosos sobre o segundo maior país do mundo, os seus hábitos, as suas gentes e principalmente acerca da minha estadia por lá.
O reino do Canadá tem 108 vezes o tamanho de Portugal, 3 vezes a nossa população, 6 vezes o nosso produto interno bruto e 2 vezes o nosso rendimento médio por pessoa. Facto curioso, apesar de terem neve e frio intenso todos os anos, as cidades que visitei situam-se sensivelmente no mesmo paralelo que o sul de França, onde nunca ouvi falar de neve.
O Canadá é uma miscelânea interminável de múltiplos povos, todos com sotaque da mistura de línguas. Em geral, tendo a preferir povos e línguas puras, tendencialmente nórdicos. Aprecio Alemãs, Dinamarquesas, Suecas, altas, louras, de pele e olhos claros. Assumo a discriminação desta postura e considero-a tão válida como gostar de raparigas bonitas.
Montreal parece uma cidade Europeia, tipicamente conservadora, que, apesar do extraordinário desenvolvimento, é comandada por um governo de esquerda extremamente orientado para as pessoas. Em Montreal não se vêem desabrigados e há poucos mendigos.
Gostei da delicadeza dos condutores de Montreal, ainda assim afamados de serem os piores do Canadá. Gostei muito das pessoas, muito mais simpáticas que em Portugal e que gostam de conversar ainda que sem qualquer motivo ou interesse. Gostei da preocupação com o ordenamento do território, vendo-se espaços verdes a intervalos regulares e casas de cores e dimensões idênticas no mesmo bairro.
Não gostei de não incluírem os impostos nos preços de produtos, o que te obriga a fazer a muito simpática conta de 85 * 1.15025 se quiseres saber se os 100 dólares que tens no bolso chegam para comprar o produto de 85 dólares que está à venda.
Achei muito engraçado o facto de no Québec se queixarem da elevada taxa de imposto sobre bens e serviços de 15.025%, sendo a nossa de 19%. Adicionalmente não beneficiam desse imposto medieval chamado de portagens, nem de taxas moderadoras, nem a conta da água é ao litro. Em compensação tem pensões de rendimento mínimo instituídas e gasolina a menos de metade do preço. Se te embebedares num bar podes ligar um número gratuito e vem duas pessoas buscar-te, a ti e ao teu carro, sem qualquer encargo. Não sei porquê, fiquei com a ideia que algo vai mal na república de Portugal se o contribuinte paga mais por tão menos benefícios.
Não me encantou particularmente ver ginásios e supermercados abertos 24 horas, num país que pretende liberalizar as drogas leves, e que os bares fechem às 03:00 ou às 02:00, dependendo da província; tenho uma tendência pessoal para achar que a escolha de vida ou da hora de deitar cada um não deve ser comandada por regulamentos municipais. Pelo menos tenciono continuar a viver em cidades onde o não seja.
Não há tantos prazeres na vida que possam excluir sexo, conduzir veloz em ruas estreitas, conhecer pessoas e sítios novos, o efeito alucinógeno do álcool, o cozido à portuguesa de minha mãe, a série "Six Feet Under" ou um banho quente num dia frio depois de uma corrida matinal. No Canadá podes esquecer as ruas estreitas. Com cervejas a preço de refeição, o melhor é esqueceres os copos também.
Em Montreal aluguei um carro "Full Insurance Covered", pelo preço de dez cervejas ao dia, o que, posto desta forma, me pareceu um excelente negócio – pelo menos sei que o seria se fosse em Portugal. Com o carro resolvi visitar algumas das muitas cidades do mundo que eu nunca vi.
Québec seria uma cidade ainda mais Europeia, se não fosse a sempiterna neve. Achei encantadoras as paisagens de neve. Suscitam vontade de pintar paisagens mesmo a quem prefere pessoas. Em Ottawa as pessoas esquiam nos rios onde no Verão andam de barco.
A viagem de Montreal para Toronto custa um terço da viagem de Portugal ao Canadá. Acredito francamente que o caminho para ser rico está não em diminuir os custos mas em aumentar as receitas, pelo que fui na mesma.
Toronto é uma cidade que podia ser dos EUA. Não é mais que um burgo de cimento e metal sem um pingo de história que desse para ver. A única sensação forte que experimentei durante os dias foi a sorridente ideia que tive, de fazer um bordel da CN Tower – supostamente "a mais alta torre auto-sustentada do mundo", com chão de vidro a uns 500 metros de altura.
Em Toronto conheci uma mocinha num bar exclusivamente Rock & Roll, que me perguntou se em Portugal também havia coca-cola. Tenho o princípio estabelecido e inabalável de não me envolver com pessoas que não sabem que a água ferve a 100 graus centígrados. Tive de lhe responder que não, que em Portugal não há coca-cola, há apenas água e leite que, já agora, provêm das vacas que são uns animais muito parecidos contigo, não fora por terem menos um neurónio, que, já agora, te foi atribuído a mais por Alguém apenas para evitar que defeques na rua enquanto andas.
De Toronto fiz a viagem para as Cataratas do Niagara numa carrinha de 11 lugares com uma condutora semi-senil. Aí, conheci uma rapariga de extraordinária simpatia, que tinha por modelo de vida viajar, até que o cartão de crédito lhe fosse cancelado. Porque considero esta, uma das melhores partes de viajar – partilhar experiências com pessoas do outro lado do mundo, parece-me, ainda assim, que devia ser ainda melhor antes de haver televisões e internet a uniformizar as opiniões das pessoas pelo mundo fora.
As Cataratas dão uma percepção de poder fulgurante, provocado por um ribombar contínuo de água em queda. A névoa que se evola desperta pensamentos evasivos, despertares de pensamentos fugidios.
Depois das quedas, a carrinha levou-nos a uma vila chamada Niagara-On-The-Lake onde percebi que não tinha carteira, o que, posso dizer, foi intenso. A vida dos dias que correm não apresenta tantos riscos que permitam ter medo. Chorar ou temer pela sobrevivência foram eliminados das sensações actuais por falta de aplicabilidade em meninos não mimados. A completa privação de autonomia é assim uma sensação nova, e francamente preocupou-me que o facto de não ser assustadora revelasse falta de amor-próprio.
Decorar números de telefone canadianos não fez parte da minha lista de afazeres quando cheguei, nem tinha nenhum cartão de crédito colado na testa, pelo que me vi, assim, com um dólar no bolso a 5000 km da pessoa contactável mais próxima. Contactável, apenas para o caso de me sentir só, porque não estava propriamente no sítio indicado, onde telefonar ao meu pai para me ir buscar pudesse ser plausível.
A jogar às cartas a dinheiro aprendi, que por muito mal que estejas, podes sempre piorar. Andar à boleia no Inverno e no Canadá não me pareceu um desafio confortável, e depois da legião de desabrigados que vi em Toronto não me pareceu que fosse fácil convencer a polícia de que era um Canadiano que precisava de uma viagem de borla para Montreal. Decidi-me assim a envidar esforços significativos na recuperação da minha independência económica, no que fui bem sucedido, ao convencer as 11 pessoas da carrinha a voltarmos para as Cataratas.
Esta parte fez-me criar a proposta de anúncio que tenciono vender bem cara à Visa: "He is not alone. He has his Visa." Espantoso como a sobrevivência pode depender tanto de um bocado de plástico ou de papel.
Posso dizer que voltei imbuído do espírito empreendedor contagiante desse povo. Agora, não mais olho para uma casa como um mero local para se habitar, mas como um potencial negócio. Pareceu-me um excelente sítio para se viver e, posso dizer, trocava bem o futebol pelo hóquei no gelo.
O reino do Canadá tem 108 vezes o tamanho de Portugal, 3 vezes a nossa população, 6 vezes o nosso produto interno bruto e 2 vezes o nosso rendimento médio por pessoa. Facto curioso, apesar de terem neve e frio intenso todos os anos, as cidades que visitei situam-se sensivelmente no mesmo paralelo que o sul de França, onde nunca ouvi falar de neve.
O Canadá é uma miscelânea interminável de múltiplos povos, todos com sotaque da mistura de línguas. Em geral, tendo a preferir povos e línguas puras, tendencialmente nórdicos. Aprecio Alemãs, Dinamarquesas, Suecas, altas, louras, de pele e olhos claros. Assumo a discriminação desta postura e considero-a tão válida como gostar de raparigas bonitas.
Montreal parece uma cidade Europeia, tipicamente conservadora, que, apesar do extraordinário desenvolvimento, é comandada por um governo de esquerda extremamente orientado para as pessoas. Em Montreal não se vêem desabrigados e há poucos mendigos.
Gostei da delicadeza dos condutores de Montreal, ainda assim afamados de serem os piores do Canadá. Gostei muito das pessoas, muito mais simpáticas que em Portugal e que gostam de conversar ainda que sem qualquer motivo ou interesse. Gostei da preocupação com o ordenamento do território, vendo-se espaços verdes a intervalos regulares e casas de cores e dimensões idênticas no mesmo bairro.
Não gostei de não incluírem os impostos nos preços de produtos, o que te obriga a fazer a muito simpática conta de 85 * 1.15025 se quiseres saber se os 100 dólares que tens no bolso chegam para comprar o produto de 85 dólares que está à venda.
Achei muito engraçado o facto de no Québec se queixarem da elevada taxa de imposto sobre bens e serviços de 15.025%, sendo a nossa de 19%. Adicionalmente não beneficiam desse imposto medieval chamado de portagens, nem de taxas moderadoras, nem a conta da água é ao litro. Em compensação tem pensões de rendimento mínimo instituídas e gasolina a menos de metade do preço. Se te embebedares num bar podes ligar um número gratuito e vem duas pessoas buscar-te, a ti e ao teu carro, sem qualquer encargo. Não sei porquê, fiquei com a ideia que algo vai mal na república de Portugal se o contribuinte paga mais por tão menos benefícios.
Não me encantou particularmente ver ginásios e supermercados abertos 24 horas, num país que pretende liberalizar as drogas leves, e que os bares fechem às 03:00 ou às 02:00, dependendo da província; tenho uma tendência pessoal para achar que a escolha de vida ou da hora de deitar cada um não deve ser comandada por regulamentos municipais. Pelo menos tenciono continuar a viver em cidades onde o não seja.
Não há tantos prazeres na vida que possam excluir sexo, conduzir veloz em ruas estreitas, conhecer pessoas e sítios novos, o efeito alucinógeno do álcool, o cozido à portuguesa de minha mãe, a série "Six Feet Under" ou um banho quente num dia frio depois de uma corrida matinal. No Canadá podes esquecer as ruas estreitas. Com cervejas a preço de refeição, o melhor é esqueceres os copos também.
Em Montreal aluguei um carro "Full Insurance Covered", pelo preço de dez cervejas ao dia, o que, posto desta forma, me pareceu um excelente negócio – pelo menos sei que o seria se fosse em Portugal. Com o carro resolvi visitar algumas das muitas cidades do mundo que eu nunca vi.
Québec seria uma cidade ainda mais Europeia, se não fosse a sempiterna neve. Achei encantadoras as paisagens de neve. Suscitam vontade de pintar paisagens mesmo a quem prefere pessoas. Em Ottawa as pessoas esquiam nos rios onde no Verão andam de barco.
A viagem de Montreal para Toronto custa um terço da viagem de Portugal ao Canadá. Acredito francamente que o caminho para ser rico está não em diminuir os custos mas em aumentar as receitas, pelo que fui na mesma.
Toronto é uma cidade que podia ser dos EUA. Não é mais que um burgo de cimento e metal sem um pingo de história que desse para ver. A única sensação forte que experimentei durante os dias foi a sorridente ideia que tive, de fazer um bordel da CN Tower – supostamente "a mais alta torre auto-sustentada do mundo", com chão de vidro a uns 500 metros de altura.
Em Toronto conheci uma mocinha num bar exclusivamente Rock & Roll, que me perguntou se em Portugal também havia coca-cola. Tenho o princípio estabelecido e inabalável de não me envolver com pessoas que não sabem que a água ferve a 100 graus centígrados. Tive de lhe responder que não, que em Portugal não há coca-cola, há apenas água e leite que, já agora, provêm das vacas que são uns animais muito parecidos contigo, não fora por terem menos um neurónio, que, já agora, te foi atribuído a mais por Alguém apenas para evitar que defeques na rua enquanto andas.
De Toronto fiz a viagem para as Cataratas do Niagara numa carrinha de 11 lugares com uma condutora semi-senil. Aí, conheci uma rapariga de extraordinária simpatia, que tinha por modelo de vida viajar, até que o cartão de crédito lhe fosse cancelado. Porque considero esta, uma das melhores partes de viajar – partilhar experiências com pessoas do outro lado do mundo, parece-me, ainda assim, que devia ser ainda melhor antes de haver televisões e internet a uniformizar as opiniões das pessoas pelo mundo fora.
As Cataratas dão uma percepção de poder fulgurante, provocado por um ribombar contínuo de água em queda. A névoa que se evola desperta pensamentos evasivos, despertares de pensamentos fugidios.
Depois das quedas, a carrinha levou-nos a uma vila chamada Niagara-On-The-Lake onde percebi que não tinha carteira, o que, posso dizer, foi intenso. A vida dos dias que correm não apresenta tantos riscos que permitam ter medo. Chorar ou temer pela sobrevivência foram eliminados das sensações actuais por falta de aplicabilidade em meninos não mimados. A completa privação de autonomia é assim uma sensação nova, e francamente preocupou-me que o facto de não ser assustadora revelasse falta de amor-próprio.
Decorar números de telefone canadianos não fez parte da minha lista de afazeres quando cheguei, nem tinha nenhum cartão de crédito colado na testa, pelo que me vi, assim, com um dólar no bolso a 5000 km da pessoa contactável mais próxima. Contactável, apenas para o caso de me sentir só, porque não estava propriamente no sítio indicado, onde telefonar ao meu pai para me ir buscar pudesse ser plausível.
A jogar às cartas a dinheiro aprendi, que por muito mal que estejas, podes sempre piorar. Andar à boleia no Inverno e no Canadá não me pareceu um desafio confortável, e depois da legião de desabrigados que vi em Toronto não me pareceu que fosse fácil convencer a polícia de que era um Canadiano que precisava de uma viagem de borla para Montreal. Decidi-me assim a envidar esforços significativos na recuperação da minha independência económica, no que fui bem sucedido, ao convencer as 11 pessoas da carrinha a voltarmos para as Cataratas.
Esta parte fez-me criar a proposta de anúncio que tenciono vender bem cara à Visa: "He is not alone. He has his Visa." Espantoso como a sobrevivência pode depender tanto de um bocado de plástico ou de papel.
Posso dizer que voltei imbuído do espírito empreendedor contagiante desse povo. Agora, não mais olho para uma casa como um mero local para se habitar, mas como um potencial negócio. Pareceu-me um excelente sítio para se viver e, posso dizer, trocava bem o futebol pelo hóquei no gelo.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
Badalhoquice
Foi decidido tornar pública a formação da AIAC, Associação Internacional dos Amantes da Castanheira *. Com objectivos meramente lúdicos e lucrativos esta Fundação garante à partida 30.000 sócios em Portugal, de vários sexos, raças e idades.
Como missão desta Associação pretende-se publicar regularmente relatos mórbidos e insólitos decorrentes da existência dessa invulgar personagem.
Encontra-se prevista a edição do Kama Sutra versão II, com estampas coloridas das posições praticadas pelos diversos associados, bem como descrições libidinosas dos objectos utilizados no decorrer das relações havidas com ela.
Devido a fortes insistências de Associados menos beneficiados pela Natureza em termos físicos, ir-se-á proceder adicionalmente à criação de um Site na Internet, cujo objectivo será o da possibilidade de venda confidencial (género Global Shop), de tacões de basebol, pernas de mesinha de cabeceira, velas, extintores e outros objectos utilizados no âmbito de uma relação sexual normal com a dita.
Como forma de solidariedade para com os associados menos afortunados proceder-se-á ainda à implementação de uma linha telefónica de auxílio à depressão (com ligação imediata à linha SOS suicídio para os casos em que venha a ser necessário), cujo objectivo será o de apoiar emocionalmente os sócios em diversos casos de infortúnio após a companhia dela.
Para impedir utilizações indevidas desta linha solicita-se que esta seja apenas utilizada nos casos mais graves, a saber:
Comentários da Castanheira do género:
“já fumei charros maiores do que isso”
“parece ter tão pouco uso”
“E se passássemos já para os cigarros?”
Marcações para futuros encontros a mais de dois anos;
Duração do acto inferior a 5 segundos.
Será também prática corrente da AIAC a falsificação de recibos de salários e extractos bancários com montantes arbitrariamente elevados, em nome dos sócios, com o objectivo de ajudar potenciais interessados em obter um encontro.
No final da próxima reunião será sorteado o nome do infeliz que terá, por razões de solidariedade, de informar o moço de 13 anos que agora anda com ela, de que ela não é, de facto, virgem ou fiel.
No jantar que semanalmente se irá realizar serão ouvidos relatos insidiosos das mais exasperantes aventuras. Haverá ainda lugar à abertura solene da sessão pelo primeiro adepto, o irmão, actualmente com 12 anos, e um minuto de silêncio em honra dos sócios já falecidos, todos de ataque cardíaco.
Importa salientar a parte final da sessão, em que serão exibidas mostras das mais notáveis cicatrizes, decorrentes de relações mais intensas com a Castanheira.
Para os coleccionadores serão leiloadas vendas, algemas e chicotes já desgastadas de continuado uso.
Serão ainda vendidas pomadas para o herpes obtido de quem esteve com ela desde 1998-11-15.
Os lucros desta instituição servirão para sanear, na totalidade, o défice público mundial.
* Nome fictício
Como missão desta Associação pretende-se publicar regularmente relatos mórbidos e insólitos decorrentes da existência dessa invulgar personagem.
Encontra-se prevista a edição do Kama Sutra versão II, com estampas coloridas das posições praticadas pelos diversos associados, bem como descrições libidinosas dos objectos utilizados no decorrer das relações havidas com ela.
Devido a fortes insistências de Associados menos beneficiados pela Natureza em termos físicos, ir-se-á proceder adicionalmente à criação de um Site na Internet, cujo objectivo será o da possibilidade de venda confidencial (género Global Shop), de tacões de basebol, pernas de mesinha de cabeceira, velas, extintores e outros objectos utilizados no âmbito de uma relação sexual normal com a dita.
Como forma de solidariedade para com os associados menos afortunados proceder-se-á ainda à implementação de uma linha telefónica de auxílio à depressão (com ligação imediata à linha SOS suicídio para os casos em que venha a ser necessário), cujo objectivo será o de apoiar emocionalmente os sócios em diversos casos de infortúnio após a companhia dela.
Para impedir utilizações indevidas desta linha solicita-se que esta seja apenas utilizada nos casos mais graves, a saber:
Comentários da Castanheira do género:
“já fumei charros maiores do que isso”
“parece ter tão pouco uso”
“E se passássemos já para os cigarros?”
Marcações para futuros encontros a mais de dois anos;
Duração do acto inferior a 5 segundos.
Será também prática corrente da AIAC a falsificação de recibos de salários e extractos bancários com montantes arbitrariamente elevados, em nome dos sócios, com o objectivo de ajudar potenciais interessados em obter um encontro.
No final da próxima reunião será sorteado o nome do infeliz que terá, por razões de solidariedade, de informar o moço de 13 anos que agora anda com ela, de que ela não é, de facto, virgem ou fiel.
No jantar que semanalmente se irá realizar serão ouvidos relatos insidiosos das mais exasperantes aventuras. Haverá ainda lugar à abertura solene da sessão pelo primeiro adepto, o irmão, actualmente com 12 anos, e um minuto de silêncio em honra dos sócios já falecidos, todos de ataque cardíaco.
Importa salientar a parte final da sessão, em que serão exibidas mostras das mais notáveis cicatrizes, decorrentes de relações mais intensas com a Castanheira.
Para os coleccionadores serão leiloadas vendas, algemas e chicotes já desgastadas de continuado uso.
Serão ainda vendidas pomadas para o herpes obtido de quem esteve com ela desde 1998-11-15.
Os lucros desta instituição servirão para sanear, na totalidade, o défice público mundial.
* Nome fictício
quarta-feira, dezembro 17, 2003
The Secret Blue Rose Again
Nada me parece correr muito bem ultimamente.
A empresa onde trabalho pretende despedir um quinto das pessoas. Do topo até cá baixo é necessário seleccionar seres humanos, para saírem. Pelo que ando com uma permanente sensação de que vou precisar de procurar trabalho em breve. Adicionalmente, a senhoria aumentou-me a renda e convidou-me a sair, o meu carro avariou e estou com herpes activo. Ando constantemente pressionado para tratar de processos burocráticos de extrema morosidade e aborrecimento, a bolsa está nas lonas e eu estou falido. Sim, porque as únicas pessoas que me escrevem são os bancos a sugerir a rápida reposição do saldo negativo em depósitos à ordem e a polícia que amavelmente me aconselha a pagar multas em atraso.
Quando se vive sem estaca e o pilar que tens lá em cima ameaça ruir ou te adverte de que tudo o deste como certo pode muito bem não ser assim – sentes-te cair num buraco negro. Porque são pessoas que em geral não viveram intensamente e são facilmente capazes de por em causa sentimentos fortes por insegurança – falta de calo.
Ainda assim, acho que estou bem disposto. Vá-se lá saber porquê.
Talvez resulte de um modo de vida extremamente superficial. De frequentar avidamente salas de musculação, oficinas de vaidade, de um vazio extremo.
De namorar miúdas que confundem paixão com tesão. Em geral filhas de pessoas com ar de boa gente que não merecem obviamente as filhas que tem.
Mas avança-se – em um salto para a frente – com a mesma rotina: trabalho, Copos, ginásio, Miúda. Às vezes, uns passeios mais ou menos radicais ao fim de semana – para espairecer.
Porque às vezes vivemos submersos em micro-realidades com características muito próprias, sem nos apercebermos de que há um mundo lá fora. A explorar.
Porque é tão fácil convencermo-nos de tanta coisa e viver no confortozinho que representa estar com alguém ou sentirmo-nos amados, ainda que não seja lá muito recíproco...
Mas alguém nos diz, ou lembra, que a vida dá muitas voltas, e que pode não ser sempre assim. Mas também que não é suposto ter saudades de alguém que não gostavas de levar contigo para uma cabana deserta na Austrália.
E que por muito confortável que seja ter ginásio às segundas, quartas e sextas e namorada às terças e quintas e sábados (ao sétimo dia até Deus descansou!), não é suposto andares com alguém porque te doem os músculos e não te apetece sair, ou porque nos dias de ressaca não suspiras por beber e te sabe bem um abraço.
Uma forma de vivência confortável – agradavelzinha – que só sabe a masturbação.
Porque em geral as pessoas formam ilhas – construídas por realidades mais ou menos aprazíveis – conjuntos de amigos e pseudo-amigos, namoradas e actividades distractivas que formam um oásis na selva, e tornam um bocadinho melhor – mais suportável – esta merda que é subsistir.
O budismo diz que a vida é a eterna sucessão de doença, velhice e morte. É uma sucessão seguramente entrecortada por espasmódicos refluxos de satisfação, ainda que artificialmente criados ou inconscientemente vividos. Mas TÃO vazia!
Porque a vida são umas férias que a morte vos concede.
Aproveitem bem as vossas Férias.
A empresa onde trabalho pretende despedir um quinto das pessoas. Do topo até cá baixo é necessário seleccionar seres humanos, para saírem. Pelo que ando com uma permanente sensação de que vou precisar de procurar trabalho em breve. Adicionalmente, a senhoria aumentou-me a renda e convidou-me a sair, o meu carro avariou e estou com herpes activo. Ando constantemente pressionado para tratar de processos burocráticos de extrema morosidade e aborrecimento, a bolsa está nas lonas e eu estou falido. Sim, porque as únicas pessoas que me escrevem são os bancos a sugerir a rápida reposição do saldo negativo em depósitos à ordem e a polícia que amavelmente me aconselha a pagar multas em atraso.
Quando se vive sem estaca e o pilar que tens lá em cima ameaça ruir ou te adverte de que tudo o deste como certo pode muito bem não ser assim – sentes-te cair num buraco negro. Porque são pessoas que em geral não viveram intensamente e são facilmente capazes de por em causa sentimentos fortes por insegurança – falta de calo.
Ainda assim, acho que estou bem disposto. Vá-se lá saber porquê.
Talvez resulte de um modo de vida extremamente superficial. De frequentar avidamente salas de musculação, oficinas de vaidade, de um vazio extremo.
De namorar miúdas que confundem paixão com tesão. Em geral filhas de pessoas com ar de boa gente que não merecem obviamente as filhas que tem.
Mas avança-se – em um salto para a frente – com a mesma rotina: trabalho, Copos, ginásio, Miúda. Às vezes, uns passeios mais ou menos radicais ao fim de semana – para espairecer.
Porque às vezes vivemos submersos em micro-realidades com características muito próprias, sem nos apercebermos de que há um mundo lá fora. A explorar.
Porque é tão fácil convencermo-nos de tanta coisa e viver no confortozinho que representa estar com alguém ou sentirmo-nos amados, ainda que não seja lá muito recíproco...
Mas alguém nos diz, ou lembra, que a vida dá muitas voltas, e que pode não ser sempre assim. Mas também que não é suposto ter saudades de alguém que não gostavas de levar contigo para uma cabana deserta na Austrália.
E que por muito confortável que seja ter ginásio às segundas, quartas e sextas e namorada às terças e quintas e sábados (ao sétimo dia até Deus descansou!), não é suposto andares com alguém porque te doem os músculos e não te apetece sair, ou porque nos dias de ressaca não suspiras por beber e te sabe bem um abraço.
Uma forma de vivência confortável – agradavelzinha – que só sabe a masturbação.
Porque em geral as pessoas formam ilhas – construídas por realidades mais ou menos aprazíveis – conjuntos de amigos e pseudo-amigos, namoradas e actividades distractivas que formam um oásis na selva, e tornam um bocadinho melhor – mais suportável – esta merda que é subsistir.
O budismo diz que a vida é a eterna sucessão de doença, velhice e morte. É uma sucessão seguramente entrecortada por espasmódicos refluxos de satisfação, ainda que artificialmente criados ou inconscientemente vividos. Mas TÃO vazia!
Porque a vida são umas férias que a morte vos concede.
Aproveitem bem as vossas Férias.
domingo, abril 20, 2003
Noite
Ontem bebi um bocado demais – foi um dia inebriante.
Passei a tarde a beber imperiais num café cá da aldeia. Fui jantar fora. A minha mãe telefona-me a saber se vou jantar a casa. Corro seis bares e vou a uma discoteca. Encontro uma amiga.
Faço todos os três esforços hercúleos da parte de alguém que bebeu uns copos enquanto conversa. Não vomitar a pessoa com quem estás a falar; não cuspir a pessoa com quem estás a falar; lembrares-te do nome da pessoa com quem estás a falar.
Tento convencê-la da sensação inefável de passear na praia em uma noite quente de semi-lua cheia. Falo-lhe do mar, do vento que te afaga as costas e da areia macia nos teus pés descalços.
Era inacreditável. Ali estava eu perante alguém a dizer um rotundo NÃO. Enquanto ela dizia que estava envolvida com outra pessoa ocorreu me que afinal não dói nada, enquanto ela dizia que eu era mais do que um amigo, como um irmão para ela eu considerei informá-la da minha teoria vanguardista que considera o incesto uma parvoíce inventada pela sociedade para dificultar os relacionamentos inter familiares, enquanto ela dizia para eu não ficar zangado eu pensava se não me teria esquecido de me pentear nesse dia. Disse-lhe que tinha de ir à casa de banho chorar um bocado.
Fui vomitar. (Referência ao poema de Augusto Gil intitulado “Neve” (“Batem leve, levemente,... FUI ver...”))
Ao sair da casa de banho encontro uma amiga da escola de música onde andei quando era novo. Ela tinha dez anos quando eu tinha dezassete e lhe ensinava solfejo e ela gostava de mim. Agora cresceu. Pergunta-me o que estou eu ali a fazer. Sorrio complacente e digo-lhe com voz amena e o ar mais simpático de que fui capaz “Estou-me a embebedar”.
Afastou-se rapidamente – fugiu. Engraçado, fez-me lembrar uma cabrita apressada a fugir do lobo mau. Mas que raio é que um homem racional haveria de estar às 4 da manhã ali a fazer? Claro que da próxima vez que me perguntarem o mesmo, respondo que estou a debater-me interiormente com a razão da influência do oxigénio na oxidação das células e do seu consequente envelhecimento.
Venho embora. O caminho de volta para casa é efectuado por um caminho interior tortuoso que tem a sua hora de ponta entre a 3 e as 7 da manhã preenchido por condutores que fogem à polícia. É uma estrada cheia de precipícios, onde tens de subir e descer uma serra, com uma vista fabulosa de dia.
Descrevo e recomendo como absolutamente fantástica a sensação de estacar a meio do caminho de regresso, ao lado da maior ravina. Paras o carro bem perto, deleitas-te com a imagem da noite e da lua na cordilheira e voltas a aclamar aquele como lugar de eleição para o teu suicídio.
Respiras fundo o ar frio e profundo da montanha, assombras-te com a fantástica imensidão da serra, sentes-te mais pequeno, voltas a jurar que vais passar a fazer aquela curva mais devagar e mijas lá para baixo.
Chega um carro da polícia que para um bocado à frente do meu. Penso na fantástica sorte que tenho em não estar a conduzir. Saem dois guardas e perguntam-me o que estou a fazer.
Lembrei-me de Jack Kerouac, quando refere no seu livro “On The Road”, que o culminar da adolescência é uma noite na cadeia.
Sorrio com a ideia e digo ao agente com um sorriso entre o brincalhão e o inocente “Estou a mijar”. Ficaram furiosos, claro.
Enquanto me abotoo perguntam-me se bebi. Disse-lhes que sim. Perguntaram me se estava a conduzir e eu disse que não, perguntaram-me porque é que o carro estava a trabalhar e com a porta aberta e disse-lhes que estava com frio.
Multaram-me por mau estacionamento.
Enquanto eles se afastam telefono à Inglesa de Espírito Muito Aberto que mora lá na aldeia e que já dormiu com um décimo dos seu habitantes. Contei-lhe que tinha sido posto fora de casa por ter vendido charros à minha irmã e que precisava de um sítio para dormir.
Percebi que não estava sozinha, a cabra, mas disse-me que podia dormir no sofá, se eu quisesse.
Era demais. Pensei “Não!”. Gritei “Foda-se!”, o mais alto que pude. A montanha devolveu-me “dasse”, “dasse”, “dasse”.
Dei um pontapé furioso num pneu, entrei no carro, abri o porta-luvas, anexei a nova multa cuidadosamente às restantes 16 que lá tinha e continuei viagem.
Fui para casa dela. Não me quer deixar entrar – diz que estou bêbedo. O meu melhor amigo reconhece a minha voz e desce as escadas, nu. Ela fica furiosa e eu rio tanto que pensei que morria.
É meio-dia. A minha mãe telefona-me para saber se vou almoçar a casa.
Passei a tarde a beber imperiais num café cá da aldeia. Fui jantar fora. A minha mãe telefona-me a saber se vou jantar a casa. Corro seis bares e vou a uma discoteca. Encontro uma amiga.
Faço todos os três esforços hercúleos da parte de alguém que bebeu uns copos enquanto conversa. Não vomitar a pessoa com quem estás a falar; não cuspir a pessoa com quem estás a falar; lembrares-te do nome da pessoa com quem estás a falar.
Tento convencê-la da sensação inefável de passear na praia em uma noite quente de semi-lua cheia. Falo-lhe do mar, do vento que te afaga as costas e da areia macia nos teus pés descalços.
Era inacreditável. Ali estava eu perante alguém a dizer um rotundo NÃO. Enquanto ela dizia que estava envolvida com outra pessoa ocorreu me que afinal não dói nada, enquanto ela dizia que eu era mais do que um amigo, como um irmão para ela eu considerei informá-la da minha teoria vanguardista que considera o incesto uma parvoíce inventada pela sociedade para dificultar os relacionamentos inter familiares, enquanto ela dizia para eu não ficar zangado eu pensava se não me teria esquecido de me pentear nesse dia. Disse-lhe que tinha de ir à casa de banho chorar um bocado.
Fui vomitar. (Referência ao poema de Augusto Gil intitulado “Neve” (“Batem leve, levemente,... FUI ver...”))
Ao sair da casa de banho encontro uma amiga da escola de música onde andei quando era novo. Ela tinha dez anos quando eu tinha dezassete e lhe ensinava solfejo e ela gostava de mim. Agora cresceu. Pergunta-me o que estou eu ali a fazer. Sorrio complacente e digo-lhe com voz amena e o ar mais simpático de que fui capaz “Estou-me a embebedar”.
Afastou-se rapidamente – fugiu. Engraçado, fez-me lembrar uma cabrita apressada a fugir do lobo mau. Mas que raio é que um homem racional haveria de estar às 4 da manhã ali a fazer? Claro que da próxima vez que me perguntarem o mesmo, respondo que estou a debater-me interiormente com a razão da influência do oxigénio na oxidação das células e do seu consequente envelhecimento.
Venho embora. O caminho de volta para casa é efectuado por um caminho interior tortuoso que tem a sua hora de ponta entre a 3 e as 7 da manhã preenchido por condutores que fogem à polícia. É uma estrada cheia de precipícios, onde tens de subir e descer uma serra, com uma vista fabulosa de dia.
Descrevo e recomendo como absolutamente fantástica a sensação de estacar a meio do caminho de regresso, ao lado da maior ravina. Paras o carro bem perto, deleitas-te com a imagem da noite e da lua na cordilheira e voltas a aclamar aquele como lugar de eleição para o teu suicídio.
Respiras fundo o ar frio e profundo da montanha, assombras-te com a fantástica imensidão da serra, sentes-te mais pequeno, voltas a jurar que vais passar a fazer aquela curva mais devagar e mijas lá para baixo.
Chega um carro da polícia que para um bocado à frente do meu. Penso na fantástica sorte que tenho em não estar a conduzir. Saem dois guardas e perguntam-me o que estou a fazer.
Lembrei-me de Jack Kerouac, quando refere no seu livro “On The Road”, que o culminar da adolescência é uma noite na cadeia.
Sorrio com a ideia e digo ao agente com um sorriso entre o brincalhão e o inocente “Estou a mijar”. Ficaram furiosos, claro.
Enquanto me abotoo perguntam-me se bebi. Disse-lhes que sim. Perguntaram me se estava a conduzir e eu disse que não, perguntaram-me porque é que o carro estava a trabalhar e com a porta aberta e disse-lhes que estava com frio.
Multaram-me por mau estacionamento.
Enquanto eles se afastam telefono à Inglesa de Espírito Muito Aberto que mora lá na aldeia e que já dormiu com um décimo dos seu habitantes. Contei-lhe que tinha sido posto fora de casa por ter vendido charros à minha irmã e que precisava de um sítio para dormir.
Percebi que não estava sozinha, a cabra, mas disse-me que podia dormir no sofá, se eu quisesse.
Era demais. Pensei “Não!”. Gritei “Foda-se!”, o mais alto que pude. A montanha devolveu-me “dasse”, “dasse”, “dasse”.
Dei um pontapé furioso num pneu, entrei no carro, abri o porta-luvas, anexei a nova multa cuidadosamente às restantes 16 que lá tinha e continuei viagem.
Fui para casa dela. Não me quer deixar entrar – diz que estou bêbedo. O meu melhor amigo reconhece a minha voz e desce as escadas, nu. Ela fica furiosa e eu rio tanto que pensei que morria.
É meio-dia. A minha mãe telefona-me para saber se vou almoçar a casa.
sexta-feira, abril 18, 2003
A cor de um camaleão em frente ao espelho e a superficialidade dos acontecimentos contigentes
Agora para aqueles que ainda não acreditam que faltam 33 dias para o FIM (Nostradomus Forever): Minhas bestas, pensem em dioxinas, substâncias cancerígenas presentes no óleo de automóvel USADO, com quantidades extremas de gordura e por consequência provocadoras de desenvolvimento acentuado nos frangos.
Óleo de automóvel ainda que se foda. Mas USADO!!!!??????????!!!!! Vão para o caralho!
Quer-me parecer, que esse país nojento chamado Bélgica, que para mais tem um papel interveniente no futuro da Europa e da malta, pá, está a ser infestado por pragas constantes, alguma maldição de um feiticeiro reformado frustrado. Pedofilia, corrupção, dioxinas, até coca-colas! Vocês fujam, fujam rápido.
Agora, o líder político que cometer o erro que vai destruir a humanidade e provocar o FIM, vai culpar as dioxinas, vai informar o povo que estava inadvertidamente sob o efeito de óleo queimado extraordinariamente rico em calorias e provocador, como tal, de um estado geral de excitação.
Adiante.
Hoje faço 11000 dias de vida.
Em um supremo gesto de boa vontade, decidi assim adiar por umas horas a companhia do meu sofá por forma a acertarmos devidamente a efectivação de um chã de festejo dos meus primeiros 11000 dias de vida.
Fazer anos pode ser superficial, mas seguramente não é contigente. É determinístico.
Porque normas consagradas e não escritas, provavelmente transmitidas no leite materno de geração em geração, levam pessoas de vários continentes a festejar todos os 365.25 dias de vida adicionais. 8766 horas.
A ter conversas patéticas, pungentes ou constrangedoras, sempre as mesmas. A mesma lama...soluços da alma, já cansada.
Estou a assumir os sintomas de mudança de emprego. Estou-me a embebedar com uma frequência desregrada. Quase nem vejo a vida a passar, a correr do ginásio para a namorada, do emprego para os copos, a dormir veloz. Ontem estive num barzito especial, muito bonito, com vista para o rio, aquelas luzes amarelas que põem os olhos das raparigas bonitos, música ambiente muito suave e uma torneira de imperiais por mesa - fantástico!
Hoje tenho algumas dificuldades em equilibrar-me, mas esforço-me bastante. Porque Domingo, Terça e Quinta foram dias de copos seguidos de dias de trabalho. Que não matam mas moem. Porque o sono não acumula mas o cansaço sim.
Mas fuma-se mais um cigarro que ajuda a suportar as intensas dores que são mais um dia desperdiçado e uma ressaca. A veres os sonhos a desvanecerem-se em fumo.
Ainda assim, conforme me dizem alguns amigos e o Saramago, será a vaidade o pecado que me vai levar ao inferno (eu, ponho a cara de sempre, um sorriso contrafeito).
E depois desta elegia demente, me retiro, saudoso.
Óleo de automóvel ainda que se foda. Mas USADO!!!!??????????!!!!! Vão para o caralho!
Quer-me parecer, que esse país nojento chamado Bélgica, que para mais tem um papel interveniente no futuro da Europa e da malta, pá, está a ser infestado por pragas constantes, alguma maldição de um feiticeiro reformado frustrado. Pedofilia, corrupção, dioxinas, até coca-colas! Vocês fujam, fujam rápido.
Agora, o líder político que cometer o erro que vai destruir a humanidade e provocar o FIM, vai culpar as dioxinas, vai informar o povo que estava inadvertidamente sob o efeito de óleo queimado extraordinariamente rico em calorias e provocador, como tal, de um estado geral de excitação.
Adiante.
Hoje faço 11000 dias de vida.
Em um supremo gesto de boa vontade, decidi assim adiar por umas horas a companhia do meu sofá por forma a acertarmos devidamente a efectivação de um chã de festejo dos meus primeiros 11000 dias de vida.
Fazer anos pode ser superficial, mas seguramente não é contigente. É determinístico.
Porque normas consagradas e não escritas, provavelmente transmitidas no leite materno de geração em geração, levam pessoas de vários continentes a festejar todos os 365.25 dias de vida adicionais. 8766 horas.
A ter conversas patéticas, pungentes ou constrangedoras, sempre as mesmas. A mesma lama...soluços da alma, já cansada.
Estou a assumir os sintomas de mudança de emprego. Estou-me a embebedar com uma frequência desregrada. Quase nem vejo a vida a passar, a correr do ginásio para a namorada, do emprego para os copos, a dormir veloz. Ontem estive num barzito especial, muito bonito, com vista para o rio, aquelas luzes amarelas que põem os olhos das raparigas bonitos, música ambiente muito suave e uma torneira de imperiais por mesa - fantástico!
Hoje tenho algumas dificuldades em equilibrar-me, mas esforço-me bastante. Porque Domingo, Terça e Quinta foram dias de copos seguidos de dias de trabalho. Que não matam mas moem. Porque o sono não acumula mas o cansaço sim.
Mas fuma-se mais um cigarro que ajuda a suportar as intensas dores que são mais um dia desperdiçado e uma ressaca. A veres os sonhos a desvanecerem-se em fumo.
Ainda assim, conforme me dizem alguns amigos e o Saramago, será a vaidade o pecado que me vai levar ao inferno (eu, ponho a cara de sempre, um sorriso contrafeito).
E depois desta elegia demente, me retiro, saudoso.
terça-feira, junho 18, 2002
O Regresso d'O Enfermo
A minha enfermeirazita sensual, de olhos lindos e rabo fantástico, fez as pazes comigo.
Disse-me que tinha acabado, por estar convencida que eu andava com ela só por sexo (cada ideia, que estas miúdas de hoje tem, mas onde será que elas vão buscar essas coisas?!?).
Claro que vesti o meu ar mais inocente e disse-lhe, com um sorriso entre o intrigado e o entristecido, não ser verdade…
Enternecida pela compreensão demonstrada ou compadecida com a ingenuidade exposta, foi mais fácil a concretização do objectivo proposto.
Agora, agonizante, debato-me diariamente com a opção entre sexo agressivo e o ginásio.
Ela, eufórica, debate-se diariamente pela opção entre mim e o carpinteiro. Fico realmente furioso por ela se recusar terminantemente a responder qual de nós dois é mais bem constituído.
Esta relação ajudou-me a estabelecer uma teoria, segundo a qual, uma qualquer miúda não muito experiente nestas andanças fica a gostar de um rapaz a partir do momento em que a relação entra em uma base de intimidade.
Deixa-me confuso o facto de uma miúda que claramente gosta de miúdos bem constituídos e de ser dominada, ter por animais preferidos (e não fui eu que lhe perguntei!) coalas, golfinhos e ursos pandas…. Desconcertante, não é?
Isto porque desde "O Silêncio dos Inocentes", que me entretenho a estabelecer retratos psicológicos de notável fiabilidade de pessoas que conheço mal, com base em conversas mais ou menos profundas - resulta de uma identificação sociopata com a personagem principal do filme, o Hannibal, psicólogo canibal.
Claro que para miúdas que acreditam em signos, não é muito difícil fazê-las acreditar nestes horóscopos, desde que não sejam demasiadamente insultuosos e ficam usualmente impressionadas com frases do género "às vezes, à noite, morres de vontade de chorar e não consegues" e perguntam, com o mesmo famoso sorriso entre o triste e o intrigado, "mas como é que tu sabes?". Procuro sempre convencê-las que desde há várias gerações que há videntes na minha família e que desenvolvi uma percepção extra sensorial, uma espécie de empatia com os outros que me faz sentir aquilo que os outros sentem.
Qualquer coisa deste género surte um efeito fantástico: "tens uma boa dose de amor próprio e alguma insegurança, algum receio em ser magoada e não demonstras facilmente aquilo que sentes a pessoas que não controlas. Tens dificuldade em superar sentimentos de rejeição ou de não aceitação dentro do grupo e escondes-te muitas vezes por detrás de aparências. Ocasionalmente, gostas de manipular, porque te reforça o sentido de auto-afirmação".
Com estes retratos emocionais, adaptáveis a 95% da população (não espalhem esta informação), pretendo montar um consultório de psicanálise, para clientes femininas que gostem de copos.
Disse-me que tinha acabado, por estar convencida que eu andava com ela só por sexo (cada ideia, que estas miúdas de hoje tem, mas onde será que elas vão buscar essas coisas?!?).
Claro que vesti o meu ar mais inocente e disse-lhe, com um sorriso entre o intrigado e o entristecido, não ser verdade…
Enternecida pela compreensão demonstrada ou compadecida com a ingenuidade exposta, foi mais fácil a concretização do objectivo proposto.
Agora, agonizante, debato-me diariamente com a opção entre sexo agressivo e o ginásio.
Ela, eufórica, debate-se diariamente pela opção entre mim e o carpinteiro. Fico realmente furioso por ela se recusar terminantemente a responder qual de nós dois é mais bem constituído.
Esta relação ajudou-me a estabelecer uma teoria, segundo a qual, uma qualquer miúda não muito experiente nestas andanças fica a gostar de um rapaz a partir do momento em que a relação entra em uma base de intimidade.
Deixa-me confuso o facto de uma miúda que claramente gosta de miúdos bem constituídos e de ser dominada, ter por animais preferidos (e não fui eu que lhe perguntei!) coalas, golfinhos e ursos pandas…. Desconcertante, não é?
Isto porque desde "O Silêncio dos Inocentes", que me entretenho a estabelecer retratos psicológicos de notável fiabilidade de pessoas que conheço mal, com base em conversas mais ou menos profundas - resulta de uma identificação sociopata com a personagem principal do filme, o Hannibal, psicólogo canibal.
Claro que para miúdas que acreditam em signos, não é muito difícil fazê-las acreditar nestes horóscopos, desde que não sejam demasiadamente insultuosos e ficam usualmente impressionadas com frases do género "às vezes, à noite, morres de vontade de chorar e não consegues" e perguntam, com o mesmo famoso sorriso entre o triste e o intrigado, "mas como é que tu sabes?". Procuro sempre convencê-las que desde há várias gerações que há videntes na minha família e que desenvolvi uma percepção extra sensorial, uma espécie de empatia com os outros que me faz sentir aquilo que os outros sentem.
Qualquer coisa deste género surte um efeito fantástico: "tens uma boa dose de amor próprio e alguma insegurança, algum receio em ser magoada e não demonstras facilmente aquilo que sentes a pessoas que não controlas. Tens dificuldade em superar sentimentos de rejeição ou de não aceitação dentro do grupo e escondes-te muitas vezes por detrás de aparências. Ocasionalmente, gostas de manipular, porque te reforça o sentido de auto-afirmação".
Com estes retratos emocionais, adaptáveis a 95% da população (não espalhem esta informação), pretendo montar um consultório de psicanálise, para clientes femininas que gostem de copos.
segunda-feira, junho 17, 2002
Enfermo
A minha enfermeirazita pateta, superficial e anoréctica deu-me com os pés.
Disse-me que não fez flash. De hoje em diante, não se esqueçam, quando saírem com uma miúda da geração Peter Pan, levem sempre uma equipa de repórteres atrás. Levem também uma cabra com um sininho pendurado ao pescoço. Suponho que estas moças acreditam que se ouvem campainhas e se vê fogo de artifício quando se conhece alguém.
Isso ainda é o menos. Não gostei mesmo nada foi de ser trocado por um suposto carpinteiro, vizinho dela.
Agora, agonizante, debato-me com dúvidas existenciais que se repartem pela opção entre a violação (dela e com um extintor), partir-lhe cinco costelas e vê-la (lentamente) a afogar-se no próprio sangue e o (meu) suicídio. Ou as três coisas mais ou menos pela ordem apresentada.
A opção pela violação terá apenas a desvantagem (da possibilidade) de lhe causar algum prazer, o que seria desagradável.
A título de consolo resta-me o facto de NÃO ter dormido com ela, pelo que assim evito pensar na (ínfima) hipótese de o meu desempenho sexual não ser tão francamente excepcional como o do carpinteiro.
Mesmo na brincadeira esta cena dói como o caraças. Mesmo em relações puramente físicas, não é nada divertido ser trocado. Bolas.
Sinto-me mais ou menos como um actor secundário de uma novela venezuelana qualquer. Tenho aquela sensação, vulgar em dias de ressaca, de que passei a noite aos gritos a insultar toda a gente.
Disse-me que não fez flash. De hoje em diante, não se esqueçam, quando saírem com uma miúda da geração Peter Pan, levem sempre uma equipa de repórteres atrás. Levem também uma cabra com um sininho pendurado ao pescoço. Suponho que estas moças acreditam que se ouvem campainhas e se vê fogo de artifício quando se conhece alguém.
Isso ainda é o menos. Não gostei mesmo nada foi de ser trocado por um suposto carpinteiro, vizinho dela.
Agora, agonizante, debato-me com dúvidas existenciais que se repartem pela opção entre a violação (dela e com um extintor), partir-lhe cinco costelas e vê-la (lentamente) a afogar-se no próprio sangue e o (meu) suicídio. Ou as três coisas mais ou menos pela ordem apresentada.
A opção pela violação terá apenas a desvantagem (da possibilidade) de lhe causar algum prazer, o que seria desagradável.
A título de consolo resta-me o facto de NÃO ter dormido com ela, pelo que assim evito pensar na (ínfima) hipótese de o meu desempenho sexual não ser tão francamente excepcional como o do carpinteiro.
Mesmo na brincadeira esta cena dói como o caraças. Mesmo em relações puramente físicas, não é nada divertido ser trocado. Bolas.
Sinto-me mais ou menos como um actor secundário de uma novela venezuelana qualquer. Tenho aquela sensação, vulgar em dias de ressaca, de que passei a noite aos gritos a insultar toda a gente.
quinta-feira, janeiro 17, 2002
Trabalhar
Tenho um problema que vos gostava de colocar. Talvez algum de vós me possa ajudar.
É que me parece que estou a enriquecer demasiado depressa - eu explico:
Quando se trabalha até horas que já nem aos copos são reservadas, fica-se com um problema de não ter tempo para gastar.
Assim, pretendo informar os sócios da minha empresa, que não precisam de se incomodar em pagar-me salários, prémios ou promoções, porque não tenho tempo para ver o saldo.
Porque como toda a gente sabe, quando se está na idade em que menos de 400 mulheres é pouco, o objectivo de qualquer ser humano racional é um trabalho que garanta uma subsistência confortável e nada mais, enquanto se aguarda pacientemente o primeiro prémio do totoloto.
Ora eu, fico absolutamente fascinado com a sensação que as pessoas que aqui trabalham têm, de que trabalhar até de madrugada é NORMAL em determinadas partes de um projecto – qualquer coisa como um privilégio de uma elite consagrada. Como que encerram orgulho em pertencer a uma classe sofredora. A mim, parece-me tão patético como uma vítima humana a caminhar voluntária e sorridente para um altar de imolação.
E o que é fantástico, é imaginar como conseguem pessoas que só sóbrias dizem que gostam do que fazem, arranjar motivação para serem tão emocionalmente violadas! Como consegue uma lavagem cerebral em massa ser de tal forma bem sucedida e convincente, que leva pessoas que a sociedade actual consideraria inteligentes a escravizarem-se de sobremaneira, por dinheiro que não tem tempo para gastar!
E mais extraordinário ainda, é fazerem pessoas tomar escolhas do género carreira ou casamento, que provocam inevitavelmente distúrbios mentais acelerados pela falta de realização profissional ou por carências afectivas de tal forma acentuadas que levam a esgotamentos.
É que eu, que ao fim de cinco empregos arranjei um em que consigo manter a sanidade mental, por proporcionar desafios mentais superiores aos exigidos a um gorila, sinto-me agora tão implacavelmente cansado, que até uma ténue lembrança de cama me comove.
Assim decidi auto-considerar-me definitivamente como um Inadaptado Social e ir estudar psicossociologia para o Tibete a tentar perceber a felicidade dos macacos.
Adiante.
À duas semanas atrás estive na Holanda, em formação.
Fui para Amesterdão no dia dos meus anos e decidi unilateralmente, que uma boa forma de festejar era NÃO fumar um charro.
E assim fiz. Trouxe-os a todos intactos.
Agora, ofereço-os a quem me quiser arranjar um emprego. Das nove às cinco.
O escravo
É que me parece que estou a enriquecer demasiado depressa - eu explico:
Quando se trabalha até horas que já nem aos copos são reservadas, fica-se com um problema de não ter tempo para gastar.
Assim, pretendo informar os sócios da minha empresa, que não precisam de se incomodar em pagar-me salários, prémios ou promoções, porque não tenho tempo para ver o saldo.
Porque como toda a gente sabe, quando se está na idade em que menos de 400 mulheres é pouco, o objectivo de qualquer ser humano racional é um trabalho que garanta uma subsistência confortável e nada mais, enquanto se aguarda pacientemente o primeiro prémio do totoloto.
Ora eu, fico absolutamente fascinado com a sensação que as pessoas que aqui trabalham têm, de que trabalhar até de madrugada é NORMAL em determinadas partes de um projecto – qualquer coisa como um privilégio de uma elite consagrada. Como que encerram orgulho em pertencer a uma classe sofredora. A mim, parece-me tão patético como uma vítima humana a caminhar voluntária e sorridente para um altar de imolação.
E o que é fantástico, é imaginar como conseguem pessoas que só sóbrias dizem que gostam do que fazem, arranjar motivação para serem tão emocionalmente violadas! Como consegue uma lavagem cerebral em massa ser de tal forma bem sucedida e convincente, que leva pessoas que a sociedade actual consideraria inteligentes a escravizarem-se de sobremaneira, por dinheiro que não tem tempo para gastar!
E mais extraordinário ainda, é fazerem pessoas tomar escolhas do género carreira ou casamento, que provocam inevitavelmente distúrbios mentais acelerados pela falta de realização profissional ou por carências afectivas de tal forma acentuadas que levam a esgotamentos.
É que eu, que ao fim de cinco empregos arranjei um em que consigo manter a sanidade mental, por proporcionar desafios mentais superiores aos exigidos a um gorila, sinto-me agora tão implacavelmente cansado, que até uma ténue lembrança de cama me comove.
Assim decidi auto-considerar-me definitivamente como um Inadaptado Social e ir estudar psicossociologia para o Tibete a tentar perceber a felicidade dos macacos.
Adiante.
À duas semanas atrás estive na Holanda, em formação.
Fui para Amesterdão no dia dos meus anos e decidi unilateralmente, que uma boa forma de festejar era NÃO fumar um charro.
E assim fiz. Trouxe-os a todos intactos.
Agora, ofereço-os a quem me quiser arranjar um emprego. Das nove às cinco.
O escravo
terça-feira, outubro 30, 2001
Vende-se!!!
Vendo Seat Ibiza Cinzento 1.9 a diesel comercial, 120.000 km., um dono, três anos e meio, apenas cinco acidentes, lindo de morrer, sem prática de qualquer actividade sexual no banco de trás porque não tem banco de trás.
Porque a personalidade que fica bem nas pessoas, NÃO é das melhores coisas num carro. Quando eu digo para travar, é para travar, não é para brincar aos piões em plena auto-estrada nem para praticar carrinhos de choque com BMW's ainda mais bonitos que o meu quase desfeito carro.
No sábado passado fui a uma discoteca chamada Salsa Latina. É uma espécie de casa de banho toda branca, com música latina em altos berros, bastante cara e repleta de divorciadas de 400 anos a tentar acasalar. É uma sensação engraçada, a de te sentires um bocado de carne.
Estava com algumas dificuldades em equilibrar-me, pelo que me encostei ao balcão. Ao pé de mim estava uma alemã feia, de 4000 anos e 200 divórcios, com ar de quem pagava para ter alguma vida social e que começou a falar comigo.
Suponho que aquela discoteca deve constar dos panfletos turísticos que distribuem aos turistas quando saem dos aviões que pousam em Portugal, nos quais deve estar descrita como um local extremamente aprazível, onde se pode ouvir música e dançar e falar alegremente com os nativos portugueses, pelo que é frequentado quase só por estrangeiros. Como representante extremamente digno do nosso país, estava eu.
Não estava de facto com muita vontade e disposição para gritar em inglês pelo que sugeri delicadamente à alemã que fosse embora com um: "Go away.".
De imediato percebi que esta simples frase deve ter algum significado especial nessas terras que me rodeiam porque ela beijou-me.
Foi mais ou menos como lamber uma placa gordurosa e quente, pelo que de imediato a afastei e fui embora porque não sei dizer "desculpa, tenho de ir vomitar" em inglês.
Resolvi então que estava na altura de apanhar ar e mudar de sítio dado que claramente os meus conhecimentos de inglês não estavam à altura daquele local.
Fui então a outra discoteca, que tinha uma placa à porta a dizer "Luanda". Primeiro achei estranho entrar com tantas facilidades e sem pagar, mas rapidamente percebi: havia lá três brancos: eu, o meu amigo, e o dono.
A música era assim uma espécie de mistura rap com disco e havia concursos de dança com umas coreografias fabulosas. As raparigas lá eram bastante mais simpáticas que as dos sítios anteriores onde fui.
Como já era quase dia, fui para casa, num carro emprestado, com um olho fechado e outro aberto para evitar a visão dupla devida ao cansaço. A polícia mandou-me parar: 0.52g/l. Com uma sensação de “ Déjà Vu”, preparava-me para pedir para repetir o teste quando o polícia me mandou embora.
Porque a personalidade que fica bem nas pessoas, NÃO é das melhores coisas num carro. Quando eu digo para travar, é para travar, não é para brincar aos piões em plena auto-estrada nem para praticar carrinhos de choque com BMW's ainda mais bonitos que o meu quase desfeito carro.
No sábado passado fui a uma discoteca chamada Salsa Latina. É uma espécie de casa de banho toda branca, com música latina em altos berros, bastante cara e repleta de divorciadas de 400 anos a tentar acasalar. É uma sensação engraçada, a de te sentires um bocado de carne.
Estava com algumas dificuldades em equilibrar-me, pelo que me encostei ao balcão. Ao pé de mim estava uma alemã feia, de 4000 anos e 200 divórcios, com ar de quem pagava para ter alguma vida social e que começou a falar comigo.
Suponho que aquela discoteca deve constar dos panfletos turísticos que distribuem aos turistas quando saem dos aviões que pousam em Portugal, nos quais deve estar descrita como um local extremamente aprazível, onde se pode ouvir música e dançar e falar alegremente com os nativos portugueses, pelo que é frequentado quase só por estrangeiros. Como representante extremamente digno do nosso país, estava eu.
Não estava de facto com muita vontade e disposição para gritar em inglês pelo que sugeri delicadamente à alemã que fosse embora com um: "Go away.".
De imediato percebi que esta simples frase deve ter algum significado especial nessas terras que me rodeiam porque ela beijou-me.
Foi mais ou menos como lamber uma placa gordurosa e quente, pelo que de imediato a afastei e fui embora porque não sei dizer "desculpa, tenho de ir vomitar" em inglês.
Resolvi então que estava na altura de apanhar ar e mudar de sítio dado que claramente os meus conhecimentos de inglês não estavam à altura daquele local.
Fui então a outra discoteca, que tinha uma placa à porta a dizer "Luanda". Primeiro achei estranho entrar com tantas facilidades e sem pagar, mas rapidamente percebi: havia lá três brancos: eu, o meu amigo, e o dono.
A música era assim uma espécie de mistura rap com disco e havia concursos de dança com umas coreografias fabulosas. As raparigas lá eram bastante mais simpáticas que as dos sítios anteriores onde fui.
Como já era quase dia, fui para casa, num carro emprestado, com um olho fechado e outro aberto para evitar a visão dupla devida ao cansaço. A polícia mandou-me parar: 0.52g/l. Com uma sensação de “ Déjà Vu”, preparava-me para pedir para repetir o teste quando o polícia me mandou embora.